Exército pede reforço de verbas para Artilharia e antecipação da execução da LPM

19 Março 2024, 22:04 Não Por Lusa

O chefe de Estado-Maior do Exército (CEME) alertou hoje para a necessidade do “reforço de verbas” e “antecipação da execução” do previsto na Lei de Programação Militar (LPM) no setor da Artilharia face aos compromissos com a NATO e à conjuntura internacional.

“Nós temos previsto renovar alguns dos nossos equipamentos e adquirir outros equipamentos para a Artilharia de Campanha, são programas que necessitam de reforço de verbas em sede da LPM, e também, muito provavelmente, de ser antecipada a sua execução, dada a premência de renovarmos esta nossa capacidade”, disse hoje à Lusa o general Mendes Ferrão no Campo Militar de Santa Margarida (Santarém) à margem do exercício ‘Strong Impact’, em cenário NATO, e que envolve 451 militares de quatro países.

Segundo o general, que lembrou a guerra na Ucrânia e as necessidades de preparação atuais, “o mesmo também se passa” com a artilharia antiaérea e com os sistemas aéreos não tripulados (drones).

“De facto, temos de renovar a nossa artilharia antiaérea. Está previsto na lei de programação militar, dentro de não muito tempo teremos a nossa artilharia antiaérea renovada, mas ambas estas capacidades necessitam de ser mais reforçadas em termos de verbas e antecipada a sua execução em termos da Lei de Programação Militar”, declarou.

Também nos casos dos sistemas aéreos não tripulados, indicou, “existem projetos específicos na Lei de Programação Militar que nos vão permitir renovar e aumentar o número de sistemas (…), não só na componente da vigilância, mas também noutros tipos de sistemas aéreos não tripulados que estamos a adquirir”.

O investimento global previsto na LPM para o Exército, no caso da Artilharia, com prazos de execução diferenciados, alguns dos quais até 2034, é de cerca de 120 milhões de euros (ME), com a Artilharia de Campanha a ter uma dotação de 77,5 ME para “extensão de vida útil dos sistemas de armas” com “modernização” e “substituição” de diversos tipos de obuses, indicou à Lusa fonte oficial do Exército.

Na LPM, segundo a mesma fonte, a Artilharia Antiaérea tem um investimento global previsto de 32 ME e os sistemas aéreos e terrestres não tripulados (drones) de 06 ME, sendo de 3,1 ME a verba alocada ao sistema de comando e controlo.

“OS programas que temos previstos na Lei de Programação Militar são os que entendemos serem necessários e suficientes para renovar as capacidades do Exército face àquilo que são as exigências desta nova conflitualidade”, disse o CEME, tendo feito notar que, “contudo, face ao tempo que estamos a observar, muitos desses projetos precisam de ser acelerados na sua execução”.

O exercício anual ‘Strong Impact’, a decorrer entre 11 e 21 de março, teve hoje uma sessão de fogos reais, contemplando todos os sistemas de armas que integram o exercício, bem como a utilização de sistemas aéreos não tripulados (drones).

O exercício envolve a presença de 451 militares de Portugal, de Espanha, França e Roménia e tem por finalidade “desenvolver a capacidade operacional das Unidades de Artilharia de Campanha e de Artilharia Antiaérea do Exército, incluindo Forças de países amigos”, tendo o general Ferrão destacado a importância da “interoperabilidade” militar.

(…)Hoje, neste conflito atual que estamos a assistir na Ucrânia, que decorre da invasão da Rússia, a função fogos, os fogos de artilharia de campanha, adquiriram uma acrescida importância e, por isso, nós estamos a treinar, neste exercício, os fogos de artilharia de campanha, mas também o fazemos no ambiente multinacional, porque sabemos perfeitamente que somos membros da NATO e é fundamental que saibamos trabalhar com os nossos aliados para atingirmos aquilo que militarmente designamos de ter a necessária interoperabilidade. Isto é, se tivermos de combater juntos, estamos preparados para e conhecemos para cumprir esse desígnio”, afirmou o CEME.

Mendes Ferrão destacou ainda a “acrescida relevância nos teatros de operações da proteção antiaérea”, com o exercício a incluir a “proteção dos meios de artilharia”, e a vertente do emprego dos sistemas aéreos não tripulados nos conflitos atuais.

“Nós já tínhamos esta capacidade adquirida antes deste conflito na Ucrânia e agora estamos a melhorar o seu emprego, também com as lições que vamos aprendendo dos conflitos que estamos a observar”, concluiu.

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