Oito centenas de agricultores em protesto na Chamusca contra cortes no financiamento e por melhores condições no sector (com Fotos)

1 Fevereiro 2024, 11:41 Não Por André Azevedo

Cerca de 800 agricultores, oriundos de vários locais do Ribatejo e do Oeste, estiveram em protesto pela valorização da profissão e por melhores condições de trabalho, com perto de uma centena de tratores em marcha lenta ponte da Chamusca na Estrada Nacional 243, que liga os municípios de Chamusca e Golegã. O protesto teve início pelas 6 da manhã e terminou perto das 11h00.

Concluído o protesto na Chamusca, a caravana seguiu para A23, onde a via irá ser cortada junto à saída da Cardiga, em direção a Tomar.

José Azoia, um dos porta-vozes do Movimento Civil de Agricultores de Portugal (MCAP), responsável pelo protesto que define como “espontâneo e apartidário” refere ao NS que os agricultores se sentem “traídos e abandonados pela tutela”.

Os profissionais do sector agrícola criticam o timing do anúncio dos cortes de 35 por cento nos financiamentos do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), já que as candidaturas terminaram no final de Agosto e os cortes, justificados pelo elevado número de candidaturas que ultrapassou as dotações disponíveis em várias áreas, foram anunciados um dia antes dos agricultores receberem os montantes.

“O Estado sabia o número exacto de candidaturas assim que os prazos terminaram”, explica José Azoia, acusando ainda a tutela de nada ter feito para precaver o financiamento previsto para os agricultores. O agricultor vinca ainda que era necessário avisar do corte de, sensivelmente, um terço do financiamento com mais antecedência de forma aos agricultores terem tempo para se precaver financeiramente.

“Muitos contavam com este dinheiro para honrar compromissos e não o conseguiram fazer”, garante José Azoia, que acusa ainda o Ministério da Agricultura de preparar o PEPAC dentro dos escritórios e sem ter em conta a realidade.

Em relação às medidas anunciadas na quarta-feira pela Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que prevêem mais 400 milhões de euros de financiamento, retirado de áreas onde não se excedeu a dotação orçamental, os agricultores acreditam que são mais promessas vazias.

“Essas alterações têm de ser aprovadas pela União Europeia e os agricultores e os seus credores não têm esse tempo para esperar”, garante José Azoia.

A classe agrícola queixa-se ainda que estes constrangimentos resultam em quebras na produção, que obriga à compra de produtos agrícolas em mercados externos à União Europeia, com parâmetros de controlo higiénico e de saúde menos apertados que os europeus.

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