Protesto deixa ponte da Chamusca para cortar A23

1 Fevereiro 2024, 11:56 Não Por Lusa

Os cerca de 800 agricultores e 100 tratores concentrados na Ponte da Chamusca vão deslocar-se para um novo ponto de protesto e cortar o trânsito na Autoestrada 23, informou o Movimento Civil de Agricultores.

“Na Chamusca, o protesto está cumprido e agricultores e máquinas estão a reunir-se num ponto de encontro para avançar para a A23, onde a via irá ser cortada junto à saída da Cardiga, em direção a Tomar”, disse à agência Lusa o porta-voz do movimento para a zona do Ribatejo e Oeste, Nuno Mayer.

De acordo com Nuno Mayer, o protesto concentrou, “desde muito cedo, cerca de 800 agricultores e mais de uma centena de tratores” que durante amanhã de hoje condicionaram o trânsito na Ponte da Chamusca, no distrito de Santarém, que chegou a estar cortada durante algumas horas.

A mudança de local “está a ser articulada com a GNR”, explicou à Lusa o porta-voz do movimento que garante que “o agricultores estão todos unidos e a uma voz tem que ser ouvida em vários pontos” do país.

Na zona do Ribatejo e Oeste, o protesto foi concentrado na Ponte da Chamusca depois de duas autarquias da região, Barquinha e Entroncamento, terem recusado autorizar manifestações nos seus concelhos.

Uma posição criticada hoje, durante o protesto, por um dos porta-vozes dos agricultores do Oeste e Ribatejo, José Azeia, lamentado que os autarcas de “dois municípios com uma grande vertente agrícola, se calhar entendam que o mundo da agricultura está bem”.

Visão diferente têm os agricultores que, acrescentou, se sentem “enganados e menosprezados” pelo Governo, e que pretendem com esta mobilização mostrar o “descontentamento pelo abandono total do Ministério da Agricultura perante os seus agricultores”.

José Azeia vincou tratar-se de “uma forma de protesto pacífica, coordenada pela GNR”, que tem “algum impacto na vida das pessoas” mas garantiu “que está tudo ordenado para os veículos de emergência médica possam passar”.

Na Chamusca, o protesto contou com a presença do cabeça de lista da CDU pelo distrito de Santarém às eleições legislativas antecipadas de 10 de março, Bernardino Soares.

Em declarações à agência Lusa, o candidato alertou para a necessidade de “preservar esta produção agrícola” com “políticas diferentes, em que os apoios cheguem a horas”.

O comunista criticou a política do Governo, que considera levar a que “cada vez se produza menos e importe mais”, quando “se deve fazer o contrário: produzir mais, importar menos”.

Bernardino Soares disse ainda duvidar das medidas de apoio anunciadas na quarta-feira pelo Governo, sublinhando que “não se resolvem problemas de fundo com medidas de emergência que aliás, foram aprovadas quando já estava anunciado este protesto, o que, desde logo, não é um bom sinal”.

Para o candidato da CDU, o que o país precisa “é de uma política de fundo coerente que proteja a agricultura e que crie melhores condições para o rendimento das produções agrícolas”.

Manifestantes e tratores, exibindo faixas e cartazes com frases como “O nosso fim é a vossa fome”, “Sem agricultores não há futuro” e “Estão a querer roubar o meu futuro”, seguem agora para a A23, via que ficará cortada ao trânsito.

A A23 – Autoestrada da Beira Interior atravessa os distritos da Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Santarém, ligando Torres Novas à Guarda.

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