Novo centro de saúde da Chamusca pode ser valor para atrair mais médicos de família para o concelho (com fotos)

26 Março 2024, 18:07 Não Por André Azevedo

A nova Unidade de Saúde Familiar da Chamusca foi finalmente inaugurada, após quase seis anos desde o arranque do projecto e vários contratempos. A cerimónia, com a devida pompa e circunstância e a presença do (ainda) Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e da nova directora da Unidade de Saúde Local da Lezíria do Tejo, Tatiana Silvestre, decorreu na tarde de terça-feira, 26 de Março. A USF, que já está em funcionamento pleno desde segunda-feira, representa um investimento de cerca de dois milhões de euros, comparticipado em 1.8 milhões.

O Ministro começou por parabenizar o presidente da autarquia, Paulo Queimado, pelo “esforço e persistência” desde o início do projecto e pela disponibilidade que a autarquia sempre mostrou em solucionar os problemas que foram surgindo pelo caminho.

Ainda que tenha pedido para se mudar o foco para “a prevenção da doença e promoção de estilos saudáveis”, em vez de haver apenas a preocupação de lidar com as doenças, Manuel Pizarro reconheceu a necessidade de haver condições dignas nos cuidados de saúde primários, especialmente para atrair mais profissionais, numa altura em que se verifica uma grande carência de médicos especialistas em saúde familiar.

“Em quatro anos reformaram-se um em cada três médicos de família”, anunciou, acrecentando que houve falta de preparação para lidar com este problema, que tem afectado especialmente os territórios do interior, que agora se vêm a braços com a grande quantidade de utentes sem médico de família. No caso concreto da Chamusca, cerca de 60 por cento da população carece de médico de família.

Já Paulo Queimado olha para o futuro com a esperança de que a nova USF seja um valor para atrair mais médicos de família para o concelho e preencher os quadros. Há apenas dois médicos no quadro da USF, a tempo inteiro, e um médico com horário parcial, havendo mais três médicos contratados nas extensões de saúde das freguesias do concelho, sem horário integral (a USF da Chamusca contempla cinco vagas integrais para médicos).

“Não é só o inaugurar de um edifício, é o iniciar de uma nova era nos cuidados de saúde à população”, vincou Paulo Queimado. Ainda que se mostre satisfeito com a nova USF, o autarca não esqueceu a importância das extensões de saúde, que diz serem “vitais para que a nenhum utente fique para trás”, já que o território é vasto e conta com uma população envelhecida e, muitas vezes, com dificuldade de se deslocar à sede do concelho.

A cerimónia ficou ainda marcada pelo assinar do auto de transferência de competências na área da saúde, no âmbito da descentralização de competências do Estado para as autarquias. Este protocolo mostrou-se um “osso duro de roer”, já que foi alvo de várias negociações e renegociações entre autarquia e governo, com a USF a estar no centro das negociações, já que uma das principais condições impostas pelo autarca para aceitar as competências era a conclusão das instalações.

Burocracias e pandemia retardaram obra necessária há mais de vinte anos

O projecto nasceu ainda em 2018, quando foi lançado o programa de fundos para a construção de novas unidades, embora as regras para a região do Alentejo, onde se inclui a Chamusca ditassem que as Câmaras Municipais não podiam ser detentoras dos edifícios, passando assim para a alçada da Administração Regional de Saúde, com um projecto criado de raíz pela autarquia. Entre as burocracias necessárias e uma pandemia, as obras arrancaram em 2022, ficando prontas no último trimestre de 2023, faltando apenas alguns pormenores como mobiliário e equipamento.

A demora entre a conclusão física da obra e a inauguração veio com a recusa do empreiteiro em entregar a obra por ter valores pendentes com a ARS, que foi protelando o pagamento até a autarquia assinar a transferência de competências na área da Saúde. Algo que se teimava em fazer, já que os pacotes financeiros que a acompanhavam não se coadunavam com o aumento de despesas que o município iria sofrer, assim como a conclusão da USF ser, também, um dos principais cavalos de batalha de Paulo Queimado.

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