Escola de Condução de Marinhais encerra e deixa alunos sem carta e sem dinheiro

27 Abril 2021, 17:47 Não Por João Dinis

Cerca de uma centena de pessoas que frequentavam a Escola de Condução Siiimple, em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, tinham esperança de retomar as suas aulas dos diversos graus de aprendizagem de condução na semana passada, de acordo com o plano de desconfinamento do país que previa a reabertura deste tipo de actividades a 19 de Abril, mas depararam-se agora com o que consideram “um grande problema”, temendo perder o dinheiro já pago, como também a possibilidade de obter a carta de condução, depois da escola não ter reaberto conforme estes previam.

A mãe de Joana, uma das alunas da escola, que depois de ter efectuado o exame de código, se preparava para iniciar as aulas de condução, explica-nos que “no início de Janeiro tudo parecia funcionar normalmente, mas entretanto as escolas (de condução) fecharam”, tendo em conta as regras impostas pelo Governo para controlar a pandemia da Covid-19.

Escola anunciava uma “Campanha Especial”

Na semana passada, tendo conhecimento da reabertura das escolas de condução a 19 de Abril, a jovem deslocou-se à escola, deparando-se com uma folha na porta onde se lê “Estimados Clientes: Estamos a preparar a retoma da actividade em segurança”, anunciado ainda que “Prevemos reabrir no próximo dia 26/04/2021 no horário habitual”, mas até ao momento nem a escola abre, bem como não existe nenhum contacto disponível para atender os alunos e responder às suas questões.

Caso idêntico é o de ‘RF’ que pagou 650 euros à escola, para fazer formação de condução de viaturas pesadas de mercadorias. “As escolas encerraram a 15 de Janeiro, e depois disso não tivemos mais contactos da escola”, refere-nos o formando, que teme agora perder o dinheiro que investiu na sua formação, como ter que se envolver num problema burocrático para poder mudar de escola, uma vez que é necessária a permissão do actual estabelecimento, algo que “deve agora ser impossível de conseguir”, além de ter associados mais custos. “Além de perder o dinheiro que paguei, vou ainda ter que gastar mais para tentar mudar de escola”, revelando que lhe pediram mais 125 euros para passar a ter aulas noutro estabelecimento, ao qual teria também que pagar as aulas.

A proprietária de um estabelecimento contíguo à Escola de Condução de Marinhais, refere-nos que nos últimos dias “não se fala de outra coisa, é normal termos aqui conhecimento de muitas situações”, estranhando no entanto o que está a acontecer, ainda que nos revele ter conhecimento de que a situação financeira poderia não ser a mais favorável.
A escola existe aqui há mais de 30 anos”, conta-nos a proprietária do estabelecimento, “há cerca de dois anos a escola foi vendida, mas nada fazia prever este desfecho”, revelando-nos que “no dia 17 de Fevereiro, o proprietário e os funcionários estiveram na escola, a fazer limpezas e a preparar o regresso”, que acabou por não acontecer.

Esta terça-feira, pela manhã, foram alguns os alunos da escola de condução que ali se dirigiram, de modo a tentar perceber se haveria alguma evolução, mas o cenário é o mesmo de há uma semana atrás. Portas fechadas e estores fechados, e das viaturas da escola, apenas uma mota, que será de um dos instrutores que ali leccionavam, se encontra ainda no parque. No interior foi ainda assim possível ver que as instalações se encontram inalteradas, com secretárias e computadores todos no mesmo lugar.

Das viaturas da escola, somente a mota ainda ali se encontra

Os alunos lesados estão agora a preparar uma queixa para entregar na Guarda Nacional Republicana (GNR), tentando obter o paradeiro do proprietário, com o objectivo de pelo menos poder conseguir a declaração que lhes permita ir para outra escola. “O dinheiro já é o menos, agora queremos é poder tirar a carta”, referem-nos.

Funcionários ameaçados mas também prejudicados

A Escola de Condução Siiimple em Marinhais tinha quatro funcionários, que transitaram da antiga administração, sendo que alguns trabalham na escola desde o seu inicio, há cerca de 30 anos e que se encontram agora também em situação complicada.

Além de não receberem o seu vencimento, vai para quatro meses, desde Janeiro, sobretudo a funcionária administrativa tem recebido no seu telemóvel inúmeras ameaças.

As pessoas viam sempre a Maria João na escola, era sempre ela que dava a cara e pensam que ela tem alguma coisa a ver com a situação”, lamenta-nos a proprietária da pastelaria que fica nas imediações do estabelecimento e ensino da condução, que acrescenta que “ela está muito incomodada com todo este desfecho, além de ter ordenados em atraso está também a pagar pelo que não fez, as pessoas deviam perceber isso…”, conclui.

Diversas escolas no país na mesma situação

De acordo com o que o Notícias do Sorraia conseguiu apurar, desde Agosto do ano passado, altura em que a empresa terá visto avolumar as suas dívidas, sobretudo à Segurança Social e Finanças, que são diversas as situações idênticas que foram acontecendo a esta em Marinhais.

No Portal da Queixa avolumam-se as queixas de pessoas de Portalegre, Setúbal, Moita, Barreiro e Lisboa, que frequentavam Escolas de Condução do Grupo Siiimple e que terão ficado sem o seu dinheiro e sem a habilitação legal para conduzir.

De momento, ao que apurámos, não existe ainda nenhum processo de investigação por parte das autoridades, encontrando-se o dono dos estabelecimentos em parte incerta.

Responsáveis em parte incerta e incontactáveis

Os alunos, que agora se sentem lesados, têm tentado chegar à fala com os responsáveis da escola, sendo que os telefones fixos deixaram de responder, e os telemóveis, apesar de retornarem sinal de chamada não são atendidos.

Também Notícias do Sorraia tentou chegar à fala com Carlos Palma, proprietário da Escola de Condução Siiimple, de modo a obter uma resposta para o sucedido, no entanto não obtivemos resposta até ao momento.

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