Dramaturgias de Bernardo Santareno, “O Pecado de João Agonia” e “A Promessa” estreiam no Teatro Sá da Bandeira de Santarém

Bernardo Santareno, o dramaturgo português mais significativo do século XX está no centro da programação de novembro do Teatro Sá da Bandeira, de Santarém. Os espetáculos “O Pecado de João Agonia”, no dia 18, às 21h30 e “A Promessa”, no dia 19, às 17h30, dois dramas escritos por Bernardo Santareno (1920-1980), estreiam em Santarém, e contam com o mesmo elenco de atores.

As peças, para assinalar o aniversário de Bernardo Santareno, são encenadas por João Cardoso, numa coprodução da ASSéDIO e do Teatro Nacional São João, e abordam temas como a homossexualidade, a xenofobia e a religião acoplada à culpa e ao sacrifício. 

“O Pecado de João Agonia” tem 60 anos desde a sua publicação e da sua consequente censura e passa-se num “lugarejo serrano e primitivo” de um “Portugal salazarento”.

O seu autor, Bernardo Santareno, escreveu esta obra como forma de resistência e crítica ao que era norma e, também, aos bons costumes impostos pela ditadura.

Esta peça leva a debate a temática da homossexualidade. “O Pecado de João Agonia” conta a história de um jovem do interior, que regressa a um “apertado círculo comunitário”, vindo da grande cidade de Lisboa. De nome João Agonia, nome que Santareno não deixou ao acaso, o protagonista vê o seu pecado desvendado após uma denúncia de um vizinho. Para que não restassem dúvidas da masculinidade dos homens da família Agonia e para limparem o seu bom nome, o destino de João foi traçado pelos seus entes queridos.

Já “A Promessa”, escrita em 1957, passa-se numa região costeira com uma família que vive da pesca. Mediante o naufrágio do pai, os filhos fazem a promessa de se manterem castos durante o casamento. Mas, entretanto, dá à costa um contrabandista ferido que vai parar à casa da família de pescadores. Esse homem, um cigano, e a mulher que vive na casa apaixonam-se e desenvolve-se ali um drama à volta deste tipo de relações.

Na peça “A Promessa” há imagens do mar, das tempestades, do mar calmo, como se flutuasse, tal como os humores da casa. Na peça “O Pecado de João Agonia”, o cenário é feito por lutas de paus, para libertar tensões que existiam entre vizinhos, entre conhecidos. E, essa, tensão acompanha o decorrer da história.

O elenco é composto por Ângela Marques, Benedita Pereira, Daniel Silva, Inês Afonso Cardoso, João Cardoso, João Castro, Maria Inês Peixoto, Pedro Galiza, Pedro Quiroga Cardoso, Rúben Pérola e Susana Madeira.

Estão duas peças estão integradas na programação ‘Novembro, Viegas e Santareno’, organizado pelo Município de Santarém, Centro Cultural Regional de Santarém, Círculo Cultural Scalabitano, Comissão das Comemorações Populares do 25 de Abril, Sociedade Recreativa Operária e a Família de Mário Viegas.

Os espetáculos são para maiores de 14 anos e os bilhetes (para cada peça) custam 5 euros (preço único).