Associação Just a Change requalifica casas e reconstrói vidas na Lezíria do Tejo (com Fotos)

1 Agosto 2024, 19:56 Não Por André Azevedo

A pobreza habitacional é um dos problemas que afeta a população portuguesa, especialmente quem vive com rendimentos abaixo da média nacional. Baixa eficiência energética e térmica, degradação das fachadas e paredes internas entre outras, são alguns das principais deficiências que muitas pessoas se deparam nas suas próprias casas. A associação Just a Change nasceu, em 2010, para ajudar a colmatar esses problemas.

Com lema “Renovar casas, reconstruir vidas”, todos os anos durante o Verão, centenas de voluntários espalham-se pelo país para reconstruir a casa de um benificiário que se encontre em situação de pobreza habitacional. Cada intervenção dura, em média, duas semanas.

O NS visitou as duas intervenções que a associação está a desenvolver no território da Lezíria do Tejo, nos concelhos da Golegã e da Chamusca.

Na Golegã, a casa de Elena Girão estava degradada, o que fazia com que a eficiência térmica não fosse a ideal. Reformada e com poucas possibilidades de conseguir fazer obras para melhorar as condições do seu lar, Elena diz-se muito feliz pela intervenção da Just a Change. Ao NS explica que os voluntários reconstruíram o telhado, impermeabilizaram a placa do terraço tinha bastantes infiltrações, requalificaram a fachada e substituíram a janela da fachada.

Na Chamusca, mais propriamente na localidade da Carregueira, quem apresentou a intervenção foi o mestre de obras, João Silva. Empresário chamusquense na área das remodelações, e voluntário na Just a Change há dois anos. Ao NS João explicou que a intervenção passa pelas melhorias de conforto térmico da habitação e pela requalificação da cozinha e casa de banho, de forma a dar condições dignas à casa.

Os voluntários chegam à Just a Change de todas as partes do país e das mais variadas áreas de formação. Por norma jovens que aproveitam as férias letivas das escolas e faculdades para ajudar quem mais precisa.

João Silva conta ao NS que já passou esteve em várias intervenções e já se cruzou com vários grupos “todos muito diferentes”. Ainda assim vê uma evolução muito similar nos jovens com que trabalhou nas casas.

“Este projeto faz com que os miúdos entrem, tenham interação, não estejam fechados naquela caixinha, naquela naquela que eles trazem. De repente começam a entrar em outras bolhas. Como é que nós vamos juntar um médico e um engenheiro? Não vamos porque não tem nada em comum. No Just a Change temos uma interação entre eles dois, em que partilham experiências e que começam a interagir. Isto faz com que eles se libertem”, explica o mestre de obras.

Maria Moradias, gestora de comunicação social da Just a Change, regista em imagens o desenvolvimento das obras e dos próprios voluntários.

“No início estão muito caladinhos, muito afastados. Não se metem muito comigo. No fim só querem tirar fotografias, riem se imenso, fazem gestos e brincadeiras para a câmara e é muito engraçado ver essa diferença. Também os noto muito mais desenrascados. É preciso um material e vão todos logo buscá-lo”, conta ao NS.

António Batista, natural da Golegã, é Gestor de Projeto da Just a Change e um dos responsáveis pela intervenção em casa de Elena Girão. Ao NS explica que começou como voluntário e acabou por ser convidado a integrar a equipa da Just a Change.

Ao NS conta que o trabalho na Just a Change é muito gratificante, porque sente que estão a mudar a vida a pessoas que, de outra maneira, provavelmente não iam conseguir fazer as obras necessárias para ter uma habitação mais digna e confortável.

“Temos sempre o contentamento e a satisfação de, no final, sabermos que temos o nosso trabalho concluído e conseguimos sempre garantir a melhores melhores condições de habitabilidade e dignificar a vida das pessoas. No fundo é o que estamos a tentar fazer. Porque a realidade é que os preços da mão de obra estão cada vez mais altos, os preços dos materiais também estão a subir e depois a nossa qualidade de vida, a nível nacional e acho que global, está cada vez mais a diminuir, até devido aos fatores internacionais que têm acontecido. Portanto, acaba por ser um um complemento muito interessante”, vinca António Batista.

Leonor Sousa, 19 anos, integra o projeto de voluntariado pela primeira vez. Veio encaminhada pela irmã, que foi voluntária durante três anos. É na Golegã que está a desenvolver o trabalho. Conta que já aprendeu algumas coisas sobre obras mas sobretudo aprendeu que é privilegiada por ter uma casa.

“Nem tudo é como pensamos, há realidades que não estamos à espera”, vinca a jovem estudante de comunicação social, dizendo ainda que ver as condições em que alguns dos beneficiários vivem fá-la sentir-se muito mais agradecida pelo que tem.

Mimi Cabral, natural de Benavente, estuda Engenharia Mecânica na Universidade Nova de Lisboa e aproveitou as férias para ajudar a mudar vidas.

“Ganhamos o dobro do que oferecemos. Ver como estas pessoas ficam felizes com que fazemos nas suas casas é impressionante”, explica a jovem.

____________________