População une-se às Forças de Segurança em vigília em Santarém (com Vídeo e Fotos)

6 Fevereiro 2024, 19:45 Não Por André Azevedo

Cerca de uma centena e meia de polícias da Polícia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana e Guarda Prisional, assim como elementos da sociedade civil, voltaram a manifestar-se em Santarém ao final da tarde desta terça-feira, 6 de Fevereiro, em mais uma “acção inorgânica” que tem marcado o panorama nacional desde o início de Janeiro.

Unidos num cordão humano, junto ao tribunal de Santarém, numa das vias mais movimentadas da cidade, munidos de velas, os elementos policiais, apoiados pela população, estiveram cerca de 30 minutos num protesto silencioso.

João Neves, um dos guarda prisionais presentes na vigília deixou palavras que representam o sentimento geral que se tem vivido nas várias polícias: “Somos guardas, somos polícias, amamos aquilo que fazemos e recebemos muito menos daquilo que damos”.

Após o cordão humano, perfilaram-se junto às escadas do tribunal, onde procederam a um minuto de silêncio em memória dos colegas que faleceram no cumprimento do serviço. Como tem sido apanágio nos vários protestos que têm espoletado a nível nacional entoou-se o Hino Nacional.

Os protestos das polícias por melhores condições de trabalho e remuneratórias teve início quando as polícias viram atribuído um suplemento de serviço que ronda os 900 euros à Polícia Judiciária, enquanto PSP, GNR e Guarda Prisional recebem apenas um valor de cerca de 100 euros.

“A atribuição destes valores foi a gota de água”, explica o vice-presidente da Organização Sindical da Polícia (OSP), Ricardo Simões, que garante que as polícias não estão contra o subsídio atribuído aos colegas da Polícia Judiciária, mas que se sentem injustiçados por não serem tratados de forma igual.

Ricardo Simões pede ainda que sejam melhoradas as condições estruturais e de segurança para a operação dos elementos policiais em Portugal. O vice-presidente da OSP explica ainda que as polícias têm vindo a ser desvalorizadas ao longo dos anos, especialmente no que toca às folhas de vencimento. “Basta recuar vinte anos e verificamos que o ordenado de um polícia que entrava era bastante superior ao ordenado mínimo nacional e hoje em dia são apenas mais 50 euros”, alerta.

Polícias sentem-se ignorados pela tutela

“O Governo não nos quer ouvir. Foi preciso acontecer o que aconteceu num jogo de futebol para o Ministro da Administração Interna (MAI) e o Primeiro Ministro virem falar”, lamenta Ricardo Simões. O MAI, José Luis Carneiro, manifestou-se publicamente após o adiamento de um jogo da primeira divisão de futebol, no passado sábado, e dois jogos da segunda divisão, no domingo, acusando os elementos policiais afectos aos jogos de insubordinação, e garantindo que iriam ser abertos processos de averiguação.

Segundo Ricardo Simões, as baixas médicas dos elementos da GNR que apresentaram atestado de doença, passados pelos respectivos médicos de família, que impossibilitou os agentes de comparecerem aos jogos já foram investigadas e foram consideradas válidas pela junta médica da GNR.

“Sabemos que o Governo está em gestão e que não vai decidir nada mas vamos levar a nossa luta até ao fim”, garante o vice-presidente, acrescentando que a vontade é que as eleições corram da forma mais normal e rápida possível para que possam finalmente ver as reivindicações atendidas.

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