Escrevo estas linhas a dezoito dias das eleições autárquicas de 12 de outubro e, infelizmente, constato que a opção tomada pelo NS sobre a forma de abordar o processo eleitoral foi a mais acertada. A esta altura, ainda não temos todos os candidatos dignados a apresentar os seus programas, que são afinal aquilo que vai verdadeiramente a sufrágio.
Salvo raras exceções, a pouco mais de duas semanas de eleições que irão definir o futuro de muitos concelhos e freguesias, não existe um único concelho com todos os programas eleitorais já publicados. Dir-me-ão que algumas candidaturas o fizeram. Mas e as restantes? Os programas que seriam fundamentais para estarem a ser analisados pelos munícipes e que deveriam servir de base para debates sérios, assentes em propostas concretas, continuam ausentes.
Recordo que no início do ano ponderamos realizar debates nos concelhos da Lezíria do Tejo, área onde o NS atua. Tudo estava preparado. No início de setembro fixámos o prazo limite para que esses encontros acontecessem. Porém, ao verificar que não havia programas disponíveis, abandonámos a ideia. Não seria um debate sobre programas, seria apenas mais um palco para a “lavagem de roupa suja” que já vai muito para lá das redes sociais.
A verdade é que este ano tudo parece diferente. A inteligência artificial entrou em definitivo na política, seja na elaboração de imagens e ideias para os concelhos, seja, pasme-se, na criação de perfis falsos em redes sociais destinados a difamar o adversário. Ao mesmo tempo, os programas eleitorais transformaram-se em documentos quase secretos, guardados até ao limite do prazo.
Será que, a 12 de outubro, ainda veremos candidatos a apresentar propostas para os seus concelhos? Nada me espantaria.
Escrevo, portanto, com a preocupação de quem acompanha a política local há anos e que se entristece com o tom e o ritmo a que ela chegou. E esclareço, sobretudo, os leitores do NS, que certamente esperariam uma abordagem diferente às eleições autárquicas.
A decisão de não promover debates mostrou-se acertada. Tenho sérias dúvidas de que os encontros já realizados tenham conquistado um único voto.
Até 12 de outubro, manteremos a nossa linha editorial: feitos e factos. Sempre!