Núcleo Rasgo quer deixar sementes para germinar cultura em Santarém

10 Fevereiro 2025, 9:36 Não Por André Azevedo

O Núcleo Rasgo é um coletivo de artistas escalabitanos que nasceu com o objetivo de criar um espaço de partilha e experimentação artística em Santarém. Fundado por cinco jovens artistas escalabitanos, Miguel Canaverde, Pedro Mourinha, Luis Calixto e o irmão Afonso Calixto e por Afonso Prata, (mais tarde juntou-se Ivo Santos), o Núcleo Rasgo é um “desmembramento da Associação Waves of Youth, que se foca mais na arte do cinema”, explica ao NS Miguel Canaverde.

Com casa no Centro Cultural de Santarém, os jovens têm desenvolvido várias atividades no edifício que alberga também o Fórum Mário Viegas, em pleno centro histórico de Santarém. Entre sessões de cinema, concertos, espetáculos de stand-up comedy, o coletivo tem trazido várias iniciativas para dinamizar o circuito cultural de Santarém.

O trabalho direto com a comunidade é um dos principais focos do grupo, registando várias iniciativas junto das escolas ou mesmo do Hospital Distrital de Santarém, como as oficinas artísticas em conjunto OficINa – Arte Bruta Inclusiva do Hospital Distrital de Santarém.

Ao NS, Miguel Canaverde explica que a importância de trabalhar com a comunidade, especialmente a comunidade escolar é “deixarmos uma semente que possa germinar e que possamos criar mais carreiras artísticas e profissionais na nossa cidade. Ou seja, deixar o bichinho ao miúdo para eles depois continuarem a sua a sua carreira”.

A falta de programas artísticos nas escolas é algo que Miguel Canaverde gostava de ver combatido. Embora refira que na Escola Ginestal Machado há um curso profissional de artes do espetáculo, sente falta de atividades extra curriculares ligadas às artes nas escolas que permitam aos alunos trabalhar a criatividade e estimular a veia artística.

“Cabe aos artistas proporcionar essas atividades. As escolas, pelo menos em Santarém, estão abertas a isso se nós artistas as procurarmos”, afirma Miguel Canaverde, dando o exemplo, mais uma vez da Escola Ginestal Machado que conta com uma artista residente que tem trabalhado várias atividades com os alunos.

Viver da própria arte é o sonho de qualquer artista, mas é algo bastante difícil de atingir no panorama nacional. Embora Miguel Canaverde tenha notado, nos últimos anos, um aumento do que é a dotação orçamental para a Cultura no Estado, recentemente o jovem artista diz sentir uma estagnação nos apoios financeiros aos artistas.

Ainda assim Miguel Canaverde deixa elogios ao trabalho que a Câmara de Santarém tem feito em prol da cultura no concelho e dos apoios que tem disponibilizado aos artistas, através dos financiamentos ao associativismo. O artista gaba ainda o município por apoiar os artistas da terra e não trazer apenas artistas de fora, destacando a iniciativa Verão IN.STR como um palco importante para dar a conhecer os artistas à comunidade escalabitana.

O jovem artista abordou ainda a falta de financiamento privado, o chamado mecenato, que segundo diz, é muito comum em países como Espanha, Itália ou Brasil.

Comunicação é o principal problema do circuito cultural de Santarém


Na opinião do jovem artista, o principal problema que aponta ao circuito cultural em Santarém prende-se com a falta de ferramentas de comunicação entre artistas e público.

“Sentimos de forma geral, que também não existe uma comunicação tão prolongada quanto isso que ajude o público a manter se fiel a um certo tipo de programação”, vinca Miguel Canaverde.

Para solucionar este problema, o jovem artista sugere o renascimento da figura do “mediador cultural”, alguém que faça a ponte entre artistas, público e espaços culturais.

_________________

____________________