Mulher acusa PSP de violência após ser confundida com assaltante de idosos

9 Julho 2024, 16:15 Não Por André Azevedo

Elaine Santos, uma cidadã de nacionalidade brasileira, residente em Santarém, foi confundida por dois agentes da PSP de Santarém com a suspeita de um assalto que decorreu na cidade e foi algemada e agredida pelos agentes, em frente ao seu local de trabalho, junto ao Jardim da República, por volta das 14h00 de quarta-feira, 3 de Julho.

Em declarações ao NS, Elaine Santos conta que foi abordada por dois agentes à paisana enquanto caminhava de regresso ao trabalho, depois da sua hora de almoço.

“Um deles identificou-se ao longe, disse que era da polícia e acenou com uma carteira, mal vi o que era”, explica a mulher. O agente tê-la-á informado que estava detida e ordenou-lhe que entrasse na viatura. Elaine recorda ainda que estava a mandar uma mensagem no telemóvel e que os agentes lhe retiraram o aparelho da mão.

“Achei que me iam sequestrar e disse que não ia a lado nenhum com eles. Eu nem tinha percebido que eram polícias”, vinca Elaine Santos. De seguida os agentes algemaram a mulher e arrastaram-na cerca de vinte metros para o carro. Elaine confessa que resistiu à detenção mas por achar, num primeiro momento que estaria a ser sequestrada e não detida pela polícia, já que não lhe foi dada qualquer justificação para a detenção.

“Debati-me e resisti durante uns cinco ou seis minutos, mas pareceu uma eternidade”, explica ao NS. Enquanto resistia à detenção foi pedindo justificações sobre o que lhe estava a acontecer e voluntariou-se a entregar os documentos de identificação que nunca lhe foram solicitados, segundo testemunha ao NS. A única resposta que diz ter obtido por parte dos agentes foram agressões.

Só no interior da viatura é que lhe foi informado que teria sido identificada como alegada autora de um furto que acontecera no dia anterior no interior do parque de estacionamento subterrâneo do Jardim da Liberdade (ver notícia).

A mulher informou os agentes que esteve a trabalhar no dia anterior e que era impossível ser ela a culpada. Um dos agentes ter-se-á dirigido ao local de trabalho da mulher para questionar a responsável sobre a presença de Elaine durante a hora a que aconteceu o crime. A chefe da mulher corroborou a versão de Elaine, confirmando que ela esteve na empresa durante toda a manhã.

“Eu não fui apanhada em flagrante a cometer nenhum crime para ser algemada e não representava nenhum perigo para os agentes para ser agredida desta forma”, lamenta Elaine Santos, alegando que ficou com hematomas na zona dos braços, axilas, costelas e pernas, resultante das agressões dos polícias.

Mais do que os hematomas, que Elaine diz que se curam daqui a uns dias, queixa-se dos danos psicológicos. Elaine afirma que ficou com medo de sair à rua desde que foi agredida, por ter medo de voltar a ser confundida com a assaltante e que lhe façam mal.

Elaine deslocou-se depois à esquadra da PSP de Santarém onde apresentou queixa contra o Estado e contra o agente que a agrediu. Foi só na esquadra que, alegadamente, o agente terá justificado o comportamento agressivo com o facto de Elaine “se ter portado mal com os polícias”.

Fonte do Comando Distrital da PSP de Santarém confirmou ao NS a existência de uma queixa por agressão contra um elemento afeto à esquadra de Santarém e que transitou para o Ministério Público, referindo ainda que está a decorrer um procedimento interno para averiguar se “a abordagem foi a mais correta”.

Questionado ainda sobre o motivo que levou à abordagem, a mesma fonte explicou que havia “fortes suspeitas de haver envolvimento no assalto do dia anterior, suspeitas essas que não foram confirmadas”.

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