Luciana Fina investiga o poder da imagem e da comunidade em nova exposição em Vila Franca de Xira
12 Novembro 2024, 8:35Uma exposição da artista e realizadora Luciana Fina que investiga a relação entre cinema, história, memória e palavra, dialogando com o espaço do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, é inaugurada no sábado, anunciou o museu.
Intitulada “O Móvel e o Imóvel”, a mostra é integrada no Ciclo de Arte Contemporânea Movimento de Resistência do museu e é inaugurada pelas 15:00, com entrada gratuita.
Com curadoria de David Santos, esta exposição de Luciana Fina – nascida em Itália e a residir em Lisboa desde 1991 – continua a investigar “as relações do documentalismo cinematográfico com a história, a sua memória, as linhas da arquitetura, as palavras e os significados da literatura”, segundo um comunicado do museu.
A obra de Luciana Fina percorre a intersecção entre o real e a imaginação, pesquisando a relação entre documentário e memória histórica, arquitetura e literatura, “questionando o poder da imagem e o seu impacto no desenvolvimento da visão de mundo e na responsabilidade social dos indivíduos”, descreve ainda.
Conhecida pela sua abordagem estética e social, a artista visual e realizadora propõe uma reflexão sobre a importância de uma arte que transcenda o individual, transformando o “eu” em “nós” através da experiência partilhada.
As obras de Luciana Fina apresentam uma visão comunitária da arte, entrelaçando sentidos, intelecto e a consciência de pertença a um mundo comum, segundo o texto da curadoria sobre a exposição que ficará patente até 23 de fevereiro de 2025.
Para Fina, o cinema é também um veículo de movimento e transformação, uma “hipótese de estar no mundo” e, mais do que capturar realidades, “redefine-se como expressão de comunhão e de partilha existencial, ampliando o conceito de arte como uma prática de ligação humana”.
Num depoimento sobre o seu processo de trabalho, a artista revela: “O cinema entrega-se ao movimento e entrega-nos movimento… É preciso desconstruir e associar […] O cinema ou o documentário não se assumem para mim como uma hipótese de revelação do mundo e ao redefinirem-se constantemente assumem-se como uma hipótese de estar ao mundo”.
Em outubro, o festival de cinema DocLisboa abriu com o filme “Sempre”, da realizadora, numa revisitação das imagens que registaram o processo revolucionário do 25 de Abril de 1974.
“Sempre” é um documentário de montagem, a partir de mais de 40 filmes dos arquivos da Cinemateca Portuguesa, reunindo imagens que acompanharam a preparação e o processo da Revolução dos Cravos.