“Interesse pedagógico” justifica exposição do Centenário do PCP na Escola Secundária de Benavente

23 Março 2022, 14:44 Não Por Redacção

Uma exposição alusiva ao Centenário do Partido Comunista Português (PCP), está desde o início da semana patente na Escola Secundária de Benavente, o que levou a que diversos encarregados de educação se tenham manifestado contra esta publicação, sobretudo após as declarações de diversos dirigentes do partido político sobre a guerra da Ucrânia.

Contactado pelo NS, Mário Santos, Director do Agrupamento de Escolas de Benavente, refere que esta exposição foi autorizada por si, depois de avaliado o “interesse pedagógico para os alunos”, por parte dos diversos representantes dos grupos disciplinares, nomeadamente História e Português, e depois de já ter estando presente noutros estabelecimentos de ensino do país.

De acordo com o Director, que é também o Presidente da Assembleia Municipal de Benavente, eleito pelo PCP, factor que poderá terá também sido determinante para alguns encarregados de educação tomarem uma posição, em Setembro de 2021, o agrupamento recebeu “uma proposta do Partido Comunista Português, que no âmbito das comemorações do seu centenário, estaria a expor uma exposição itinerante pelas Escolas do país em que faziam uma retrospectiva histórica sobre a acção do PCP ao longo dos seus 100 anos, seja em Portugal relativamente à resistência durante o Estado Novo, seja internacionalmente relativamente à Guerra Fria”, sendo questionados sobre o interesse em expor a mesma no estabelecimento de ensino.

Avaliada a questão, diz-nos Mário Santos, foi contactado o Representante de Grupo Disciplinar de História, que informou o Director que “relativamente ao 9º e ao 12º ano, o séc. XX é trabalhado, e como tal interessa “…desenvolver o espírito crítico dos alunos, de forma a que eles analisem a ideologia do PCP à luz do combate ao Estado Novo em Portugal, a luta contra o regime.” e ainda “… importa também analisar o contexto do mundo bipolar ao nível do sistema político e económico durante a Guerra Fria””, acrescentando que  “de momento a exposição tem também interesse para a disciplina de Português, quanto ao estudo do texto argumentativo político.” 


Deste modo e havendo interesse por parte da disciplina, foi autorizada a exposição”, esclarece o Director, que relembra que o PCP está a comemorar os seus 100 anos desde Março de 2021 e que apenas agora esta exposição chegou à nossa Escola, depois de ter passado por outras no país, inclusive durante o período de campanha eleitoral das duas eleições recentes.


O Director diz entender as dúvidas, “contudo tudo o que é exposto ou discutido na Escola só faz sentido se tiver interesse pedagógico para os alunos. Nada é imposto por nenhuma entidade externa ao AEB”, “nem eu permitiria que assim fosse”, “mas também nada pode ser impedido de ser discutido ou analisado, caso tenha interesse pedagógico”, afirma, acrescentando que “a Escola é aliás plural e todos os pontos de vista podem ser discutidos, por isso mesmo agradeço a sua intervenção e a mesma será tida em conta.”

Mário Santos dá mesmo outros exemplos de exposições que estiveram patentes no espaço escolar, onde no ano lectivo passado, “tivemos uma exposição na entrada da Escola referente ao Nazismo, onde inclusive esteve exposta uma bandeira com a cruz suástica”.

Ao longo deste ano lectivo estiveram já na Escola, dois deputados da Assembleia da República, um do PCP e outro do BE. No ano anterior estiveram com os alunos de Benavente um deputado do PSD e outro do PS.

Falamos sobre Religião e Desporto, Tecnologia e Ambiente, na crença de que a Escola é o local certo para se discutir qualquer assunto que seja importante para que os nossos jovens conheçam o mundo em que vivemos”, acrescenta o Director, que esclarece ainda que “estaremos disponíveis para receber qualquer contributo de qualquer força política, desde que tenha interesse pedagógico”.
Se abrirmos o manual de História do 9º ano ou do 12º ano que os nossos alunos têm, encontramos textos que exploram as várias ideologias, credos e vontades ao longo do tempo”, refere.

Para finalizar, Mário Santos considera que “a exploração de uma matéria curricular como Propaganda Política não me parece correcto”.


Fotografia: Direitos Reservados

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