Empresas do Vale do Sorraia revolucionam cultura do arroz

7 Junho 2022, 18:52 Não Por João Dinis

Um projecto pioneiro, que integra três empresas do Vale do Sorraia, a Magos Irrigation Systems, a Orivárzea, a Rivulis, com o apoio do Instituto Superior de Agronomia, pretende revolucionar a cultura do arroz, pretendendo torná-la “arroz mais rentável e sustentável”, abrindo “a porta à produção deste cereal em novas áreas agrícolas em Portugal”, anunciam as empresas.

A 19 de Maio, em Samora Correia, realizou-se o primeiro ensaio de rega gota-a-gota na cultura do arroz, numa área de 4 hectares, propriedade da Orivárzea, que “visa testar e desenvolver métodos e técnicas de produção agronomicamente sustentáveis e pouco habituais na cultura do arroz”, entre os quais, a sementeira enterrada à linha; a rega gota-a-gota (com fita T-Tape do fabricante Rivulis), e a adubação através da água de rega.

“Regar arroz com um sistema gota-a-gota revoluciona a cultura e traz enormes oportunidades para um uso mais eficiente da água num cenário de alterações climáticas, em que os anos de seca são cada vez mais frequentes”, afirma António Gastão, administrador da Magos Irrigation Systems e mentor deste projecto pioneiro em Portugal.

Para a Orivárzea, empresa que produz 15% do arroz nacional, o objectivo principal do ensaio é testar novos métodos culturais que contribuam para aumentar a rentabilidade dos produtores, reduzindo simultaneamente o impacto ambiental desta cultura cerealífera, que ocupa cerca de 30.000 hectares em Portugal.

“A nossa expectativa é conseguir obter uma poupança da ordem dos dois dígitos no consumo de água e uma redução proporcional do consumo de energia”, adianta João Alegria, director de produção da Orivárzea. No sistema convencional, em canteiros regados por alagamento, a cultura do arroz consome em média 10.000 m3 a 15.000 m3/hectare/ano.

Nuno Sanches, Key Accout Mananger da Rivulis, revela que “ensaios realizados pela Rivulis noutras regiões do mundo demonstraram que a rega gota-a-gota na cultura do arroz permite reduzir o consumo de água, comparativamente à rega por alagamento, mantendo uma boa produtividade da cultura”.

De acordo com as estimativas, esta nova forma de produzir arroz, caso se comprove viável, permitirá reduzir o número de intervenções no terreno, para aplicação de fertilizantes e herbicidas, e facilitará a operação da colheita do arroz, com as ceifeiras a operar num terreno mais seco e transitável.

Do ponto de vista dos terrenos agrícolas, é expectável a optimização do uso das zonas improdutivas, como os muros das marachas e as estradas largas, uma vez que os canteiros deixam de ser necessários no sistema de produção de arroz com rega gota-a-gota, que poderá também vir a viabilizar a cultura em terrenos fora das zonas ribeirinhas.

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