Comissão de Utentes de Santarém lamenta “falta de resposta às necessidades dos utentes”

13 Outubro 2023, 19:15 Não Por André Azevedo

A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Santarém (CUSP) esteve em vigília à entrada do Hospital Distrital de Santarém em protesto pela falta de médicos que tem constrangido os serviços do HDS, ao fim da tarde desta sexta-feira, 13 de Outubro.

“O Hospital Distrital de Santarém não pode deixar de dar resposta às necessidades dos utentes”, referiu Rui Raposo, representante da CUSP, ao NS. A falta de clínicos no HDS e a recente recusa a cumprir mais do que as 150 horas extraordinárias anuais levou a um aumento do tempo de espera de cirurgias e consultas, bem como o adiamento de cirurgias que já se encontravam marcadas. A falta de clínicos também afecta o serviço de urgência que, segundo Rui Raposo, está em vias de entrar em regime de rotatividade com outros hospitais do distrito, ou até mesmo fora do distrito, como o de Vila Franca, o que implica o encerramento total da urgência, à semelhança do que já acontece com os serviços de obstetrícia ou de ortopedia.

“Isto é inaceitável. (…) Os utentes vão ser obrigados a deslocar-se muitas dezenas de quilómetros para serem atendidos. Não se entende que as estruturas hospitalares sejam subaproveitadas desta forma. Não podemos tratar uma urgência hospitalar como se tratasse da escala de serviço de farmácias ao fim de semana”, lamenta ao NS o representante do CUSP, atirando ainda que se está a voltar aos anos antes da existência do Serviço Nacional de Saúde.

Rui Raposo transpareceu ainda o receio de haver uma degradação premeditada do SNS para que exista uma reformulação do sistema “no sentido da privatização dos serviços”, lamenta.

Para além da falta de médicos no HDS, a CUSP protesta ainda pela falta de clínicos nas Unidades de Saúde Familiar do Distrito, apontando para que nas unidades sob responsabilidade do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria haja praticamente 50 mil utentes sem médico de família, aumentando esse número para cerca de 120 mil, quando se inclui o ACES do Médio Tejo, num valor global de cerca de 400 mil utentes.

“Ter um quarto dos utentes do distrito sem acesso a médico de família é um valor muito elevado. Só entre Agosto e Setembro houve cerca de mil utentes que perderam o seu médico de família”, vinca o representante do MUSP, que refere que não podem ser só as autarquias a substituir-se ao governo e a criar apoios para a fixação de médicos.

“Não funciona em todos os lados. Na Chamusca, por exemplo, criaram-se medidas para atrair mais médicos e os concursos ficaram vazios na mesma. As autarquias podem de um momento para o outro deixar de poder pagar esses apoios também”, ilustra, garantindo que não se pode só acenar com um cheque. “É preciso criar condições dignas para os profissionais de saúde. Melhores instalações, modernização dos equipamentos, por exemplo”, vinca.

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