Comandante dos Bombeiros de Azambuja encabeça movimento que luta “por uma carreira digna para os Bombeiros”

28 Janeiro 2024, 17:04 Não Por João Dinis

Um post em jeito de desabado do Comandante dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, Ricardo Correia, deu origem a um movimento espontâneo, que terá já no próximo dia 3 de fevereiro uma ação que pretende alertar para a necessidade de dar uma “carreira digna aos Bombeiros”, correndo-se o risco de a falta de atratividade da profissão vir a fazer com que deixem de existir profissionais.

A 24 de janeiro Ricardo Correia alertava para as dificuldades da profissão, lamentando que “um(a) bombeiro(a) que integre uma Equipa de Intervenção Permanente, paga pela ANEPC e pelos Municípios, com 18 anos e fique até aos 65 anos, terá 47 anos de uma profissão que não tem carreira, nem escalões nem diuturnidades e ganhará mais 50 euros que o ordenado mínimo nacional”, sendo que alguns são ainda obrigados a “ter qualificações como 12º ano, serem TAS (alguns pagos do seu próprio bolso outros pelas associações) e ainda a serem atletas, caso contrário são ameaçados de serem demitidos.”

Apesar de veiculados a Associações Humanitárias, Ricardo Correia, referia nessa publicação que rapidamente ultrapassou as mil partilhas e chegou a mais de 120 pessoas na rede social Facebook, “é importante perceber que em todo o lado as pessoas são profissionais, e tal como dizem os dicionários, são pessoas que fazem coisas por ofício, que exercem determinada atividade como meio de vida ou para ganhar dinheiro, não de forma amadora ou desinteressada”, e que como tal a profissão de bombeiro, “amantes daquilo que fazem, de outra forma, escolheriam outras profissões”, deve ser encarada com o profissionalismo com que estes exercem o socorro à população.

Rapidamente a publicação deixou de ser um desabafo pessoal, e passou a ser encarada como uma luta de todos os bombeiros, que agendaram para o dia 3 de fevereiro, sábado, uma ação de luta, com uma concentração junto ao Ministério da Administração Interna, na Praça do Comércio em Lisboa.

Ricardo Correia explica que “esta Operação é de paz”, e tem com objetivo único “alertar os decisores políticos para uma velha injustiça que é feita aos Bombeiros Profissionais das Associações Humanitárias, motivado pela total ausência de uma carreira, de contratação coletiva, de salários dignos e de critérios de igualdade para com as demais forças de agentes de proteção civil, algo que entendemos que é devido aos Bombeiros(as) há décadas.” “As associações precisam de soluções financeiras e de legislação por parte do Estado para garantir que é feita justiça a estes profissionais”, acrescenta.

A concentração, que será feita sem fardas, e composta por bombeiros “com ou sem vínculo de profissional”, iluminarem, com recurso a uma lanterna o Ministério da Administração Interna,” com o único objetivo de ajudar os decisores políticos a encontrar um caminho de resolução para esta problemática.”

“O que pretendemos é que todos os partidos políticos e todas as associações representativas do setor se unam para que, de uma vez por todas, haja igualdade de carreira, de salários e de oportunidades neste setor”, refere o Comandante dos Bombeiros de Azambuja.

“É importante que fique claro que as pessoas que escolheram encabeçar este movimento não fazem esta ação em nome de nenhuma instituição, seja ela representativa ou política, estamos apenas motivados em dar voz à velha revolta e incompreensão dos nossos Homens e Mulheres, que escolheram ser Bombeiros Profissionais das Associações Humanitárias e que querem uma solução definitiva para desta problemática”, conclui.

Além de Ricardo Correia a ação é agora encabeçada pelos Comandantes de Bombeiros de Odivelas, Moscavide, Fanhões e Sacavém.

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