Celebração do 25 de Abril de 1974 em Santarém com críticas afiadas ao Governo (com Fotos)

“Um dia de renovação, de libertação e de esperança para todos os portugueses”, foi assim que Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém começou por definir a data que se assinala nesta terça-feira, 25 de Abril, que marca os 49 anos da “Revolução dos Cravos” que ditou o fim do regime fascista que governou Portugal durante cerca de cinco décadas, junto à estátua de Salgueiro Maia, em Santarém, na tradicional cerimónia de deposição dos cravos junto à imagem do capitão de Abril que “é um símbolo de coragem e determinação”. O autarca mostrou-se preocupado com “extremismos que se alastram pelo mundo”, lembrando que Portugal não é excepção e que há a necessidade absoluta de cumprir os valores do 25 de Abril que “não é património da esquerda, do centro ou da direita” mas sim “património absoluto de todos os portugueses e significa liberdade”, vincou Ricardo Gonçalves.  

O autarca apontou ainda duras críticas ao governo liderado por António Costa, referindo que o último ano foi um dos piores da história governativa de Portugal. Ricardo Gonçalves referiu que quando se esperava um ano de estabilidade governativa, uma vez que os resultados das eleições ditaram uma maioria absoluta para os socialistas, os “casos e casinhos” dentro do governo têm minado como nunca a confiança dos portugueses nas instituições e na classe política, acusando ainda o governo de falta de coragem e de ambição política para fazer as reformas estruturais necessárias para que Portugal tenha as condições da maioria dos países da União Europeia. “Falta vontade política para mudar o estado a que isto chegou”, vincou o presidente.  

Ricardo Gonçalves deixou ainda críticas à desresponsabilização do estado que tem vindo a transferir cada vez mais competências para os municípios, não acompanhando essas competências com envelopes financeiros adequados às necessidades financeiras das autarquias para corresponder a esse aumento de competências, embora tendo referido que se fazem “milagres da multiplicação” de verbas nas autarquias, vincando que “os 308 municípios portugueses com 14% da receita do estado executam 50% do financiamento público”.  

A cerimónia contou com a presença do executivo municipal, vários elementos da Comissão 25 de Abril e de alguns militares que há 49 anos derrubaram o regime fascista, como lembrou Joaquim Neto, presidente da Assembleia Municipal de Santarém, na sua intervenção, destacando ainda que ao derrubar o regime, os militares de Abril consagraram as liberdades que foram sonegadas ao povo durante quase cinco décadas e que “representaram uma mudança significativa na vida dos portugueses e são um testemunho daqueles que lutaram por uma sociedade livre e justa”. Joaquim Neto referiu ainda os desafios que o país enfrenta, referindo a corrupção e as desigualdades sociais e económicas como principais problemas que Portugal tem de resolver com o empenho da sociedade civil, empresários e políticos aos quais “se exige mais seriedade e empenho para a causa pública”. O presidente da Assembleia Municipal deixou ainda críticas às vozes que comparam o estado actual do país com o que se sentia antes da revolução, afirmando que são enganadoras e que espalham a desinformação.  

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Por: André Azevedo