Barragem do Maranhão contaminada pela agricultura intensiva pode ser interditada

16 Maio 2023, 21:51 Não Por Lusa

A água da barragem do Maranhão, em Avis, tem uma quantidade perigosa de cianobactérias, que pode chegar a ser fatal para o gado, uma situação que está a preocupar a autarquia, que aponta o dedo ao olival intensivo.

O alerta foi dado à Lusa por Luis Teixeira, proprietário de um empreendimento turístico junto da albufeira, mostrando fotografias e vídeos da água, com manchas azuis claras de um produto pastoso e não identificado. O responsável culpa os olivais intensivos à volta da barragem, constantemente pulverizados com químicos que acabam por ir parar à água.

A vice-presidente da Câmara Municipal de Avis, Inês Fonseca, que tem entre outros o pelouro do turismo, disse hoje à Lusa que o que se está a passar é um problema e que teme que interditem a prática de desportos náuticos na albufeira.

“A agricultura é importante, mas tem de se conseguir que todas as atividades sejam compatíveis”, alertou, afirmando que o que está a acontecer coloca em causa os investimentos para a prática de desportos náuticos, como o remo, a canoagem, o triatlo ou a natação em águas abertas.

Inês Fonseca disse que a autarquia já tem falado com os agricultores mas que estes respondem que o problema não é causado por eles, ao que a responsável garante que a Câmara tem feito tudo para eliminar qualquer tipo de descarga para a albufeira e que todas as juntas de freguesia já têm estações de tratamento.

A vice-presidente da câmara de Avis não tem dúvidas de que o problema das cianobactérias surgiu com o aparecimento da agricultura intensiva, basicamente olival, na qual se usa “muitos fertilizantes” que com a chuva acabam na água. A delegação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmou a existência de cianobactérias (também conhecidas como algas azuis).

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge fez análises a água retirada do meio da albufeira há cerca de duas semanas e o resultado foi o mesmo. Uma bióloga escreveu, num documento a que a Lusa teve acesso, que “a concentração de microcistinas (a toxina de Microcystis aeruginosa) era de tal forma alta que mesmo com a diluição máxima não foi possível dosear”.

A especialista alertou que aquela massa de água “é potencialmente perigosa” e que para o gado, que bebe grande quantidade de água, pode ser letal, porque as microcistinas (toxinas produzidas por cianobactérias) são hepatotóxicas (produzem danos no fígado).

Inês Fonseca disse à Lusa que a Câmara também já contactou as autoridades de saúde e que hoje mesmo vão fazer análises à água.

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