Arcebispo de Évora apreensivo com envelhecimento populacional e despovoamento
21 Dezembro 2024, 8:36O arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, manifestou hoje apreensão perante o “constante envelhecimento populacional” e o “crescente despovoamento” do território da arquidiocese, que abrange quatro distritos e mais de 255 mil habitantes.
Na sua mensagem de Natal, enviada hoje à agência Lusa, o arcebispo disse que, da auscultação que tem feito, regista “algumas interrogações que parecem assumir transversalmente as preocupações de muitos”.
No espaço territorial da arquidiocese, que chega aos 13.547 quilómetros quadrados, espalhados “por quatro distritos, 24 concelhos, nove cidades, dezenas de vilas e 158 paróquias e com mais de 255 mil habitantes”, existem “apreensões com o constante envelhecimento populacional e com o crescente despovoamento”, lê-se na mensagem.
Segundo Francisco Senra Coelho, estes fenómenos resultam “da migração das novas gerações originárias desta região alentejana e ribatejana e dos injustos desequilíbrios provindos de uma ineficaz política do ordenamento do território, desmotivadora do investimento e empreendedorismo, em alguns casos, capaz de provocar mesmo o desalento e a desistência”.
E existem igualmente “interrogações” sobre temas como “a integração dos imigrantes” e “como evoluirá o atual sucesso do ‘turismo’, tão importante para a atual sustentabilidade da região”, assinalou também o arcebispo, na sua mensagem natalícia.
Em termos internacionais, entre outros assuntos, Senra Coelho referiu-se “à fragilidade da paz e ao alastramento ameaçador da guerra, com dimensão global e com frequentes alusões ao recurso nuclear ou atómico”.
As alterações climáticas, as “grandes mutações populacionais, com os seus consequentes movimentos migratórios”, ou os “novos equilíbrios geoestratégicos e hegemónicos” são outros temas a merecer preocupação do prelado que está à frente da Arquidiocese de Évora, que abrangem concelhos neste distrito, mas também nos de Portalegre, Setúbal e Santarém.
Senra Coelho deixou ainda uma mensagem de esperança para aqueles que “mais sofrem: os sós, os presidiários, os desprotegidos, os discriminados, os frágeis, os doentes, os dependentes e acima de tudo os desistentes e derrubados da vida”.
“Todos merecemos e precisamos que haja Natal de verdade, porém demos prioridade às crianças e adolescentes. Não lhes leguemos a caricatura pobre e deformada de um Natal meramente consumista e mercantilista”, desejou ainda.