Movimentos cívicos e ecologistas voltam a denunciar a poluição do rio Maior, afluente do rio Tejo, pela agroindústria e exigem intervenção da Agência Portuguesa do Ambiente e da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT). O Movimento Cívico Ar Puro, a EcoCartaxo – Movimento Alternativo e Ecologista e o Movimento Ecologista do Vale de Santarém, que fazem parte do proTEJO – Movimento pelo Tejo, afirmam que a poluição ocorre anualmente desde 1965, coincidindo com a campanha do tomate. O comunicado foi emitido esta sexta-feira, 19 de setembro.
A recente inovação dos poluidores consiste em descarregar águas residuais indiretamente num troço isolado de uma vala privada, oculto da via pública por vegetação e um edifício, que desagua no rio Maior cerca de 800 metros mais abaixo, afetando posteriormente o rio Tejo. As organizações já haviam alertado em agosto de 2023 para descargas de resíduos no leito do Rio Maior em S. João da Ribeira (concelho de Rio Maior), evidenciadas por cheiro desagradável e cor avermelhada da água.
Os movimentos lembram que o rio Maior apresenta baixo caudal no período de seca extrema, agravando o impacto dessas descargas, cuja realização deveria estar sujeita a rigorosas limitações impostas pelas licenças de descarga emitidas pela APA. Apesar das análises oficiais não terem apontado irregularidades, a realidade observada anualmente mostra poluição visível e recorrente, transformando o rio num esgoto a céu aberto, facto desmentido pelas autoridades em inspeções que não detectaram não conformidades.
Além da poluição hídrica, os movimentos denunciantes alertam para os danos ecológicos e sociais provocados pela laboração contínua da agroindústria, que gera ruído e gases que perturbam os moradores próximos, causando problemas de saúde e perturbando o sono, configurando possível incumprimento da legislação. Os movimentos requerem à Agência Portuguesa do Ambiente e à IGAMAOT ações para impedir as descargas poluentes e responsabilizar os agentes poluidores, medidas para restaurar a qualidade ecológica do rio Maior no âmbito do plano de gestão hidrográfica 2022/2027, e a reativação da Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição do rio Tejo, visando um plano conjunto de melhoria da qualidade da água, envolvendo autoridades, municípios, organizações ambientais e científicas.
Fotos: Ar Puro – Movimento Cívico Ar Puro / rio Maior


