Bienal de Artes Plásticas leva outras culturas ao concelho de Coruche

16 Outubro 2024, 19:55 Não Por João Dinis

A Bienal de Coruche, que se inaugura na tarde deste sábado, 19 de outubro, é também uma oportunidade para a população do concelho de Coruche contactar com outras artes e culturas, a que habitualmente não está habituada e familiarizada.

Susana Cruz, Vereadora da Câmara Municipal de Coruche, com o pelouro da Cultura, explica que este ano a Bienal de Artes de Coruche teve “quarenta candidaturas no âmbito das residências artísticas”, dos quais foram selecionados “dez projetos”, que estiveram desde 30 de setembro a “residir no território, nas várias freguesias”, onde desenvolveram residências artísticas com as pessoas e coletividades locais.

Os trabalhos vão estar a partir de 19 de outubro expostos na área expositiva da Bienal no Espaço Multiusos de Coruche, onde decorrerá também a Feira do Livro de Coruche, que se iniciará a 1 de novembro.

Um dos objetivos da Bienal de Artes de Coruche é também poder levar às freguesias a cultura e a arte, integrando por isso o projeto “envolvências locais”. “Este ano esta Bienal tem ainda mais a particularidade, de facto, de ter existido aqui uma descentralização efetiva não só daquilo que era o projeto das envolvências locais, que envolvem todas as associações, Juntas de Freguesia a comunidade, mas também este ano, o facto das residências dos artistas, diria eu, profissionais, também irem para o território, irem conhecer as nossas freguesias, porque todas elas têm as suas particularidades, as suas especificidades, as suas gentes”, destaca a autarca.

“Sem dúvida que o nosso objetivo não é centralizar em Coruche, mas descentralizar para para as várias freguesias e com vários projetos, assim como “O Teatro vai às freguesias”, com o objetivo de levar a cultura mais próximo das populações, porque conhecemos também a realidade deste território, o facto de ser muito disperso, as freguesias estarem bastante distantes daquilo que é a sede do concelho, percebemos obviamente estas comunidades por vezes têm dificuldade em vir até Coruche procurar estas atividades culturais e portanto, temos aqui também esta missão de levar até estas gentes a novas interpretações e áreas artísticas diversas”, acrescenta Susana Cruz.

Sobre as residências artísticas e os trabalhos desenvolvidos esta refere que “este ano as residências artísticas também são bastante amplas naquilo que tem a ver com os temas desenvolvidos, as áreas artísticas que estão a ser trabalhadas, logo desde a música que está a ser desenvolvida por um músico que está a trabalhar com a Sociedade de Instrução Coruchense, por exemplo, a tapeçaria onde a artista traz o Ponto de Arraiolos que se fazia no século XVII e está a trabalhar com um conjunto de pessoas da freguesia da Branca. Pintura no Biscainho, instalações artísticas e sonoras em São José da Lamorosa, um artista que está também na freguesia do Couço, nomeadamente em Santa Justa, está também a preparar um trabalho, sobretudo na área das sonoridades”, “os artistas estão obviamente a trabalhar com os recursos locais, com o carvão que a cortiça enfim, estamos expectantes, obviamente para ver o resultado”, conclui.

O caráter inclusivo da Bienal é reforçado por um conjunto diversificado de oficinas e atividades interativas que convidam o público a envolver-se ativamente no processo criativo, caso de Antónia Labaredas, artista residente da Bienal, que promove na manhã de 20 de outubro um percurso por “A Rota Antifascista”, título do seu projeto, que sinaliza e traz à memória os esforços de inúmeras pessoas em nome da liberdade numa área do Concelho que, antes do 25 de abril de 1974, foi palco de encontros clandestinos da luta dos trabalhadores. Antónia está ainda no Pátio do Museu Municipal a 1 e 2 de novembro a desenvolver os workshops de cerâmica “Forno de Papel”.

Destaca-se também, a 20 de outubro, o workshop de tecelagem em papel dinamizado no Pavilhão Multiusos por Margarida Marques e as oficinas de pintura de azulejos novamente conduzidas por Antónia Labaredas, que terão lugar na Escola Básica do Couço a 24 e 25 de outubro, promovendo a Arte como veículo de expressão intergeracional. Ainda no capítulo das oficinas a decorrer no Pavilhão Multiusos, evidenciam-se também os workshops “Stop Motion”, dinamizado a 26 de outubro por Sandra Henriques para crianças dos 6 aos 12 anos; “Robots que Desenham”, dirigido por André Banha e Carmo Moser, em que crianças dos 6 aos 10 anos podem explorar a criatividade, combinando Arte e tecnologia robótica de forma lúdica, e o workshop gastronómico “Produtos do Território”, com o chef Ricardo Sousa, ambos a 27 de outubro; “Lata 65”, oficinas de Arte urbana com Mistaker Maker a 30 e 31 de outubro, e mais um workshop gastronómico a 31 de outubro com o chef David Jesus para alunos da Escola Profissional de Salvaterra de Magos.

De 21 a 24 de outubro há visitas orientadas ao percurso da Bienal para o público escolar, acompanhadas pela curadoria ou por membros da organização, e na noite de 23 de outubro acontece uma visita noturna pelo circuito expositivo. As visitas orientadas ao percurso da Bienal repetem-se de 28 a 30 de outubro, pelas 10 e pelas 21 horas. A 24 de outubro a Bienal celebra o Dia Municipal da Igualdade com duas sessões de curtas-metragens de animação do projeto “Elas Fazem Filmes”, dinamizadas à tarde e à noite no Auditório do Pavilhão Desportivo pela associação MUTIM, incluindo títulos como “ELO”, “O Homem do Lixo” e “Tio Tomás”. O cinema terá mais momentos altos, como a projeção de “Mar Infinito”, da autoria de Carlos Amaral, a 26 de outubro, e a sessão de curtas e conversas com realizadores a 1 de novembro, no Auditório do Pavilhão, na qual o público tem oportunidade de interagir com os criadores dos filmes “Flumen” (Frederico Cordeiro Ferreira), “Never Ending” (João Alves) e “Entre Margens” (Miguel Canaverde). “Flumen” será novamente exibido a 31 de outubro para o público escolar.

Ainda a 26 de outubro, com ponto de encontro na Praia Fluvial, acontece a caminhada performativa e workshop “Caminha para um Lugar de Força”, dinamizada por Sara Anjo, e, na tarde de 1 de novembro, é inaugurada a XL Edição da Feira do Livro de Coruche no Pavilhão Multiusos. A 2 de novembro o chef David Jesus propõe um momento gastronómico já perto da hora de almoço. Pelas 17 horas, também no Multiusos, a Bienal promove a conversa “Territórios não Cartografados” – diálogos moderados pelos curadores em torno da produção artística em contextos periféricos, com João Delgado, José Severiano Teixeira, Mário Câmara Caeiro, Paulo Pires e Virgínia Fróis. Debatendo a importância da criação de meios e espaços para laboratórios criativos, bem como a sua relação com as comunidades, a discussão visa estabelecer pontes de reflexão sobre a criação e a produção artística em contextos não urbanos. A programação de 2 de novembro encerra às 21h30, no Pavilhão Multiusos, com a banda Laefty Lo num espetáculo musical com oficina de danças tradicionais europeias.

A Bienal de Coruche 2024 despede-se a 3 de novembro. Com início às 17h30, a sessão de encerramento prevê o lançamento do catálogo oficial do evento e a atuação a solo, acústica e intimista de Tiago Sami Pereira, que se dedica ao estudo e ao desenvolvimento da percussão tradicional portuguesa, especialmente focado no bombo. A atuação assinala o fim de um ciclo de intensa criação e partilha artística que marca o território e a comunidade numa edição que não apenas celebra a Arte, mas que se afirma como importante plataforma de diálogo cultural, social e ambiental. Combinando exposições, performances e atividades participativas, o evento promove a Arte como um meio de reflexão sobre o território e as suas dinâmicas, destacando o papel das expressões artísticas na valorização das comunidades locais.

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