Mais de um terço dos trabalhadores em Almeirim são de nacionalidade estrangeira
3 Junho 2024, 19:58Almeirim é o quarto concelho a nível nacional, e o primeiro no distrito de Santarém, com o maior número de trabalhadores estrangeiros, correspondendo a mais de um terço dos trabalhadores das empresas de Almeirim registados na Segurança Social.
Os dados foram divulgados no Boletim Económico de junho do Banco de Portugal, que analisa a “Caraterização dos trabalhadores estrangeiros por conta de outrem em Portugal”, em valores obtidos através do cruzamento de dados com a Segurança Social.
De acordo com os dados do Banco de Portugal, cuja versão integral do Boletim Económico de junho será publicada a 7 de junho, 37% dos trabalhadores registados em empresas de Almeirim são de nacionalidade estrangeira, e a sua maioria trabalha no setor agrícola.
Estes números são apenas superados por Odemira, com 76,1%, Ferreira do Alentejo, com 48,9% e Cinfães, com 37,4%, o único concelho a norte de Portugal com número mais expressivo.
Na Lezíria do Tejo Alpiarça e Azambuja (21,60% e 21,50%), são os concelhos que se seguem.
Em Rio Maior 18.20% dos trabalhadores também não nasceram em Portugal e em Benavente são 17,40%.
Ainda acima dos 15% está o concelho de Vila Franca de Xira e pouco abaixo estão a Golegã (14,90%) e Coruche (14,80%).
Os restantes concelhos estão próximos ou abaixo dos 10% dos trabalhadores de nacionalidade estrangeira. Cartaxo (13,20%); Salvaterra de Magos, 11,10%); Santarém (7,50%); Mora (6,90%) e Chamusca (5,80%).
Trabalhadores estrangeiros por contra de outrem sobem 35,5% para quase 500 mil em 2023 em Portugal
Os trabalhadores estrangeiros por conta de outrem aumentaram 35,5% em 2023, para 495.200, representando 13,4% do total, com os brasileiros a representar 42,3% dos estrangeiros registados na Segurança Social, concluiu o Banco de Portugal (BdP).
“Em 2014, o número médio de trabalhadores estrangeiros era de 55,6 mil, tendo aumentado para 495,2 mil em 2023, o que representou 2,1% e 13,4% do número total de trabalhadores por conta de outrem em cada um destes anos”, concluiu o BdP, num estudo que procura caracterizar os indivíduos de nacionalidade estrangeira que residem em Portugal e que detêm um contrato de trabalho registado na base de dados da Segurança Social, hoje divulgado.
O número médio de trabalhadores estrangeiros registados na Segurança Social e a trabalhar por conta de outrem registou um aumento expressivo em 2018 e 2019 (38,5% e 47,9%, respetivamente), tendo sido mais moderado nos anos da pandemia de covid-19.
“Nos últimos dois anos, voltou a acentuar-se com taxas de crescimento de 41% em 2022 e 35,5% em 2023”, destacou o BdP.
Os brasileiros destacaram-se, com 209,4 mil trabalhadores registados na Segurança Social em média em 2023, o que equivale a 42,3% dos trabalhadores com nacionalidade estrangeira registados na base de dados naquele ano.
O BdP sublinhou que, em 2022 e 2023, o número de trabalhadores por conta de outrem com nacionalidade brasileira registou taxas de crescimento de 58,5% e 43%, respetivamente.
As seguintes quatro nacionalidades com maior número de trabalhadores por conta de outrem registados são a indiana (41 mil), nepalesa (26,9 mil), cabo-verdiana (22,7 mil) e bengali (18,8 mil), que, no seu conjunto, representaram 22,1% do total de trabalhadores por conta de outrem com nacionalidade estrangeira em 2023.
O número de trabalhadores por conta de outrem com nacionalidade indiana cresceu 28,1% e 42,4% em 2022 e 2023, enquanto os de nacionalidade nepalesa cresceram 39,9% e 45,6%, respetivamente.
Já os trabalhadores europeus representaram 12,6% dos estrangeiros e registaram um aumento mais moderado nos últimos anos.
Em 2023, 22,2% das empresas tinham trabalhadores com nacionalidade estrangeira, o que compara com 7% em 2014.
Em termos de idade, a mediana dos trabalhadores estrangeiros foi de 33 anos em 2023, o que compara com 42 anos para os trabalhadores com nacionalidade portuguesa.
Já quanto ao peso das mulheres nos trabalhadores com nacionalidade estrangeira, em 2023, elas representaram 36,7% do total, mas com diferenças assinaláveis entre nacionalidades: enquanto nos trabalhadores de nacionalidade brasileira e cabo-verdiana o peso das mulheres foi superior a 40%, no caso dos trabalhadores oriundos da Índia e do Bangladesh situou-se em apenas 7,5% e 2,6%.
Tal como os portugueses, os trabalhadores estrangeiros residem e trabalham maioritariamente em empresas sediadas no litoral, em particular nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, Alentejo litoral e Algarve, e têm maior peso em vários concelhos com significativa atividade agrícola, sobretudo da região Sul do país.
Segundo esta análise, no setor da agricultura e pesca, quatro em cada dez trabalhadores por conta de outrem tinha nacionalidade estrangeira, o que compara com um e dois em cada 10 em 2014 e 2019, respetivamente.
“O peso do emprego estrangeiro no total do emprego é também muito importante nos setores do alojamento e restauração, atividades administrativas e construção, com percentagens de 31,1%, 28,1% e 23,2% em 2023, respetivamente”, concluiu o BdP.
Quanto à remuneração, a mediana das remunerações mensais dos trabalhadores estrangeiros em 2023 foi muito próxima do salário mínimo nacional (760 euros), situando-se em 769 euros nos trabalhadores jovens e em 781 euros nos trabalhadores com mais de 35 anos, enquanto para os trabalhadores nacionais, as remunerações medianas foram de 902 e 945 euros, respetivamente.
O BdP sublinhou que o fluxo de entrada de novos trabalhadores estrangeiros em Portugal particularmente elevado nos anos de 2022 e 2023 fez com que o país se aproximasse à situação existente na União Europeia, no que diz respeito ao peso do emprego de nacionalidade estrangeira no total do emprego.
Com Agência Lusa