Opinião – Maio, mês das flores, das preces, das peregrinações, mês de Luta!
31 Maio 2023, 16:29“O que é preciso é termos confiança,
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos, isto vai.”
José Carlos Ary dos Santos
Maio, chega ao fim!
Maio, mês das flores, das preces, das peregrinações, mês de Luta!
Olhando por cima do ombro do tempo, recordamos o longínquo e tão próximo ano de 1962, ano histórico, em que os mais de cem mil trabalhadores rurais do Alentejo e Ribatejo, após terem recorrido à greve, terminaram com o flagelo do horário escravo de “sol a sol”, que vigorava nos campos, alcançando o horário diário de 8h em plena ditadura Salazarista.
Os trabalhadores da indústria e comércio tinham conquistado esse horário em Maio de 1919, durante a I República.
Esta vitória do campesinato está indelevelmente ligada às jornadas do 1º de Maio, dia do Trabalhador!
No 1º de Maio, em todas as capitais do Distrito e com maior relevância em Lisboa e Porto, a população portuguesa saiu à rua, erguendo a sua voz, exigindo trabalho e melhores condições de vida para todos.
O direito ao trabalho e os direitos do trabalhador encontram-se consignados nos artigos 58º e 59º da Constituição da República Portuguesa, (a nossa), encontrando-se neles plasmados a base de qualquer relação laboral, sem esquecermos os Deveres do Trabalhador consignados no artigo 128º do Código do Trabalho.
O trabalho tem uma profunda influência na vida familiar enquanto principal meio de subsistência da família e também, como veículo de realização pessoal.
A crise económica e social que vivemos, com o aumento do custo de vida, a instabilidade, a precariedade, a redução dos rendimentos do trabalho, dificultam a conciliação da vida profissional com a vida familiar.
Os trabalhadores portugueses por conta de outrem têm longos horários de trabalho, essencialmente os dos setores como a agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca, sendo as mulheres as mais penalizadas pois ganham em média, menos 16,3% do que os homens, tendo ainda na generalidade, o horário de trabalho referente às atividades domésticas e ao encargo dos filhos.
A exigência fundamental, dos trabalhadores por melhores salários é garantia de uma vida digna!
Com melhores salários diminuem as desigualdades, dinamiza-se o crescimento económico que assenta no consumo interno possibilitando o aumento de emprego.
O aumento dos salários é fundamental para fixar os jovens que cá querem viver e trabalhar, revertendo o envelhecimento dos nossos concelhos, das nossas freguesias do interior do pais.
Os baixos salários existentes, amarram o país a um perfil produtivo de baixo valor acrescentado que desperdiça as qualificações da força do trabalhador e cerceia o potencial de desenvolvimento económico e social existente.
Ombro a ombro com a urgência da melhoria dos salários, temos a aposta na melhoria dos Serviços Públicos e das funções Sociais do Estado.
É urgente defender o reforço no Serviço Nacional de Saúde, Público. universal e gratuito, numa Escola Pública de Qualidade, inclusiva e gratuita.
É urgente o direito à Cultura, à Habitação, à Justiça.
É urgente uma política fiscal mais justa, desagravando os impostos que recaem sobre os rendimentos do trabalho de quem trabalha e de quem trabalhou durante uma vida.
Não há inevitabilidades, nem impossibilidades!
Sou eu!
És tu!
São os trabalhadores que produzem a riqueza!
Maio chega ao fim, mas o nosso direito a uma vida mais digna onde não se empobreça a trabalhar, terá de ser o motor que nos dá e dará forças para conseguir um Portugal com Futuro!