O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, disse hoje à Lusa que quer aproveitar a presença na Bienal Internacional de Arte de Macau para promover o município na China.
Ferreira falava à margem da inauguração da exposição “A Reinvenção do Real”, que reúne 20 obras, de 14 artistas de arte contemporânea, selecionadas pelo Museu do Neo-Realismo (MNR), em Vila Franca de Xira.
David Santos, diretor científico do MNR e curador da mostra, disse à Lusa que os artistas foram escolhidos por partilharem “o tipo de preocupação social e política” que caracterizou o movimento neorrealista.
Surgido no final dos anos 30, foi “um movimento muito importante na história da arte e da literatura e da cultura em Portugal, no contexto da ditadura de Salazar, com um sentido oposicionista que marcou várias décadas”, disse Santos.
O curador defendeu que a mostra é um exemplo de como “a arte é uma linguagem universal, que abre perspetivas e hipóteses de diálogo entre povos, entre culturas, entre nações”.
Santos recordou que, após exposições recentes no Mindelo, em Cabo Verde, e no Museu Nacional do Luxemburgo, o MNR está a preparar uma nova mostra no Rio de Janeiro.
Organizada no âmbito da Bienal Internacional de Arte de Macau, que abriu a 18 de julho e cujo programa inclui cerca de 30 exposições de 46 artistas, a mostra do MNR vai estar patente na Galeria Tap Seac até 16 de novembro.
Um período de mais dois meses que representa “uma hipótese de poder vir mostrar as potencialidades do nosso território a um mercado gigantesco, que é o mercado chinês”, defendeu Fernando Paulo Ferreira.
Vila Franca de Xira preparou uma programação paralela à exposição que inclui a deslocação a Macau de vários artistas para fazer workshops, incluindo um cartoonista.
“Aproveitaremos para mostrar (…) alguns produtos que temos o nosso território e as nossas tradições”, referiu o autarca.
Um enólogo vai falar sobre o “Encostas de Xira”, um vinho produzido pela própria autarquia, e alunos da Escola de Toureio “José Falcão” virão a Macau, onde a última tourada aconteceu em 1997, ainda durante a administração portuguesa.
Os alunos vão mostrar o toureio de salão, “um espetáculo em que eles demonstram as técnicas que utilizam para tourear a pé”, explicou o presidente da câmara.
“É sempre um espetáculo esteticamente muito bonito e que, para quem não conhece, não está habituado, ficará certamente encantado com essa experiência”, previu Ferreira.
O autarca disse que a presença em Macau “é uma janela de oportunidades que se abre e que Vila Franca [de Xira] não podia perder”, por exemplo para encetar contactos com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa.






