Venda de casas da paróquia pode deixar famílias sem teto e divide fiéis

8 Agosto 2024, 15:26 Não Por André Azevedo

A decisão de vender as moradias foi tomada pelo padre Tiago Pires apenas consultando o Conselho Fiscal da paróquia. Nenhum membro integrante do Conselho Pastoral foi ouvido para tomar em conta a opinião do órgão.

O NS falou com alguns dos membros, que preferiram manter o anonimato, mas que referiram que a decisão foi tomada apenas entre o padre e o conselho económico da paróquia.

Esta decisão tem agitado águas entre os fiéis e as manifestações de desagrado têm-se multiplicado, especialmente nas redes sociais. O NS sabe que há membros do Conselho Pastoral da paróquia de Alpiarça que já abandonaram as suas funções por estar em absoluto desacordo com o cónego e com a venda daquele património de auxílio aos pobres.

A Paróquia de Alpiarça não tem para já nenhuma medida preparada para auxiliar aquelas famílias. O NS sabe que uma das moradoras no chamado “Bairro do Padre” dirigiu-se ao cónego de Alpiarça, dizendo que não tem capacidade financeira para proceder à compra da habitação, nem sítio para onde ir, já que não tem família próxima. O pároco disse-se sensibilizado para a situação da idosa, mas não apresentou qualquer solução.

Relembre que a Paróquia de Alpiarça notificou os moradores de quatro casas cedidas a famílias carenciadas para a futura venda do património. O documento, a que o NS teve acesso, informa as famílias que ali residem que têm seis meses para manifestar o direito de preferência para aquisição das habitações pelo valor de 55 mil euros.

Segundo o NS apurou junto do pároco de Alpiarça, a realização do dinheiro da venda daquelas casas destina-se a financiar uma intervenção de fundo no telhado e teto da Igreja que apresenta danos estruturais (tendo já caído um pedaço do teto no interior da igreja) devido a infiltrações, e à construção de casas de banho com melhores acessibilidades a pessoas com mobilidade reduzida.

Diocese de Santarém não tem “possibilidade de apoiar a obra da Igreja”

A Diocese de Santarém não vai prestar qualquer apoio financeiro à Paróquia de Alpiarça de modo a que seja evitada a venda do designado “Património dos Pobres”, revelou o Padre Aníbal Vieira, em resposta a um pedido de esclarecimento feito pelo NS.

“A Diocese não tem possibilidade de apoiar a obra da Igreja na grandeza dos encargos previstos”, vincou o cónego, acrescentando ainda que o pároco alpiarcense, Tiago Pires, fez um pedido de apoio à diocese escalabitana para que houvesse um apoio financeiro às obras de requalificação do telhado e das casas de banho da Igreja Matriz de Alpiarça.

A Diocese de Santarém escusa-se ainda a qualquer reponsabilidade na manutenção das igrejas referindo que “é formada por 113 paróquias e cada uma das paróquias tem de cuidar da manutenção da igreja paroquial local e das igrejas não paroquiais”.

Questionada a Diocese de Santarém sobre se iria tomar alguma medida de modo a evitar a venda das quatro moradias cedidas a famílias carenciadas em Alpiarça, evitando a possibilidade de as famílias que ali residem sejam despejadas, respondeu apenas que embora desconheça as casas do Património dos Pobres em Alpiarça “a possível alienação do património não implica, obrigatoriamente, o desalojamento das famílias carenciadas”, ainda assim não adianta nenhuma medida que esteja em vista pela diocese para o evitar.

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