Vacinação da Santa Casa de Mora investigada pelas autoridades de saúde. Provedor e elementos dos órgãos sociais podem ter sido indevidamente vacinados

15 Março 2021, 15:58 Não Por João Dinis

O processo de vacinação da Covid-19 na Santa Casa da Misericórdia de Mora é um dos processos em investigação pelas autoridades de saúde, confirmou fonte da Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARS-A) ao Notícias do Sorraia.

Em e-mail, a ARS-A refere-nos que “embora não tenha chegado a esta ARS Alentejo nenhuma denúncia formal, a instituição em causa (Santa Casa da Misericórdia de Mora), faz parte do processo de vacinação promovido pelo ACES Alentejo Central, sendo objecto de um processo de inquérito instaurado”, confirmando a investigação do processo de vacinação.

De acordo com o que o Notícias do Sorraia apurou, entre as pessoas indevidamente vacinadas estarão o Provedor da instituição, Manuel Caldas de Almeida, que acumula a função com a Vice-presidência da União das Misericórdias Portuguesas, sendo também vogal do Conselho de Administração do Hospital do Mar, bem como António Franco, Presidente da Mesa da Assembleia Geral e mais alguns membros dos Órgãos Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Mora, em número que pode ascender à dezena de pessoas que foram vacinadas durante o processo de vacinação na instituição, mas que não fazem parte do corpo clínico ou funcional da instituição.

O Notícias do Sorraia confrontou a Santa Casa da Misericórdia de Mora com a situação, que num primeiro momento apenas nos referiu que “a vacinação na Santa Casa da Misericórdia de Mora decorreu dentro da normalidade e com total sucesso”, acrescentando que “foram seguidas as instruções e aplicada a vacina com supervisão total das autoridades de saúde.”

Após a confirmação por parte da ARS-A do processo de inquérito, a Santa Casa da Misericórdia de Mora, que nunca confirmou a vacinação de parte dos elementos dos seus órgãos sociais, refere não ter “conhecimento de qualquer inquérito”, salientando que o processo foi supervisionado pela Administração Regional de Saúde, que confirma a abertura do inquérito.

A 3 de Fevereiro, Manuel Caldas de Almeida, na foto com as Ministras da Saúde e do Trabalho e Segurança Social, enquanto representante da União das Misericórdias Portuguesas, esteve num debate na TVI, onde não repudiou os actos de vacinação indevida, referindo que muitos dos casos de vacinação indevida ocorreram antes de 30 de Janeiro, data em que saiu a norma da Direcção Geral de Saúde para a vacinação da Covid-19, referindo que “a vacinação correu muito bem”, pelo que no seu entender estão a “dar ênfase a detalhes que têm que ser avaliados”, e se for caso disso “debatidos e penalizados”.

Manuel Caldas de Almeida refere ainda que a ordem de prioridades foi validada pelas Autoridades de Saúde, pelo que é fácil detectar eventuais casos indevidos. “É fácil verificar casos de menor sensatez”, disse.

O processo de vacinação de utentes e colaboradores directos da Santa Casa da Misericórdia de Mora ocorreu em dois momentos, nos meses de Janeiro e Fevereiro, estando agora a ser investigado pelas autoridades, que apurarão o número de pessoas que foram vacinadas fora do seu período, ainda que muitas delas possam ter tomado as ‘famosas sobras’ da vacinas para utentes e funcionários dos lares e residências de idosos.

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