Uma paixão sem muros leva adeptos ao futebol regional

15 Dezembro 2020, 21:23 Não Por João Dinis

Se para muitos o futebol é uma religião, no futebol distrital além da religião e da paixão, são também as cores de cada terra que vão a jogo, o que alimenta ainda mais a paixão de cada adepto, que jogo após jogo sofre pela sua equipa.

Com a pandemia da Covid-19, a Direcção Geral de Saúde retirou de todos os estádios e campos de futebol os adeptos, que tiveram que encontrar soluções para ver e apoiar os clubes, que mais que os três grandes, ocupam o coração de cada um deles.

No domingo, apesar dos jogos agora serem em horário matinal e estar um dia chuvoso, o Notícias do Sorraia visitou três campos e em todos encontrou os apaixonados do futebol e do clube da sua terra.

Na Glória do Ribatejo, onde joga o Sport Clube Desportos de Glória do Ribatejo, clube que está a causar sensação na primeira divisão distrital da Associação de Futebol de Santarém, os adeptos, dos 8 aos 80 anos, instalam-se nas imediações do “Campo dos Carvalhos, aproveitando que o muro de vedação do campo é baixo e alguns materiais de construção que se encontram nas imediações e dão a “altura” suficiente para que possam assistir ao encontro.

Isto é uma vergonha, se fosse a Formula 1 podíamos estar lá dentro, como é futebol estamos na rua”, refere-nos um adepto, que prossegue, “se estivéssemos lá dentro tínhamos mais segurança, estávamos mais afastados de certeza, assim estamos à vontade”, referindo que “a paixão pelo clube da terra é que nos faz estar aqui, gostamos de futebol e queremos apoiar o clube da nossa terra”, conclui.

Também os dirigentes não faz qualquer sentido esta situação, “com os adeptos fora do campo não vendemos os bilhetes, não temos a receita do bar, mas as despesas são as mesmas… “, lamenta o tesoureiro da Direcção da equipa da Glória.
Não faz sentido, os adeptos poderiam estar dentro do estádio, com as devidas marcações, o distanciamento… estavam de certeza com mais segurança”, lamentando ver os apoiantes do clube fora do estádio, tal como vê o dinheiro dos ingressos, e faz contas ao fim do mês para pagar todas as despesas do clube.

Em Marinhais, os adeptos reinventam as bancadas, entre carrinhas, bancos e até bicicletas, tudo serve para apoiar o clube da terra, que no domingo jogou um derby concelhio, com a equipa de Salvaterra de Magos.

Também aqui, e num estádio ainda com todas as condições para receber os adeptos, se lamenta que um estádio com capacidade para três mil pessoas, não possa receber duzentos ou trezentos, “era uma receita importante para o clube”, comenta-nos o porteiro, que simpaticamente nos deixa entrar, porque a imprensa está autorizada a marcar presença nos estádios.

A claque do clube da terra, com o auxílio de diversos bancos, vai apoiando sempre o clube da terra, que joga na segunda divisão distrital, e sonha com a subida de divisão.

No “Estádio da Pedrinha”, casa do Forense, clube dos Foros de Salvaterra, duas carrinhas estrategicamente colocadas, são a bancada da claque do clube da casa, que em todos os jogos marca presença e apoia o clube da terra.

Independentemente do resultado, os cânticos e as bandeiras agitam-se, levando a animação ao campo, que continua despido de adeptos.

Esta situação vive-se um pouco por todo o país, dezenas e dezenas de adeptos vão arranjando estratagemas para ver o seu desporto favorito, apoiar a sua terra e vibrar com os golos… fora do estádio!

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