A Unidade Local de Saúde da Lezíria (ULS Lezíria) veio esta terça-feira esclarecer a situação do Centro de Saúde de Coruche, em particular do Serviço de Atendimento Complementar, que, conforme avançado pelo NS, enfrenta fortes constrangimentos na sequência da saída de vários médicos. Esta situação obrigou à reorganização do espaço e à redução do horário de atendimento.
Num comunicado onde dirige também algumas indiretas ao Município de Coruche, a ULS Lezíria afirma que “possui um conhecimento profundo sobre a realidade da população de Coruche”, estando por isso “fortemente empenhada na resposta aos desafios em saúde deste território”.
A ULS considera que a generalização do modelo USF-B, “implementada pelo anterior Governo, a partir de janeiro de 2024”, teve efeitos penalizadores para o concelho, uma vez que “não foi acompanhado de medidas de compensação para territórios menos atrativos”, como é o caso de Coruche.
Recorde-se que, através do modelo USF-B, implementado em Coruche há vários anos, os médicos recebiam incentivos monetários, o que tornava o centro de saúde mais apelativo. Com a sua generalização a nível nacional, os profissionais passaram a preferir zonas mais próximas das suas residências. “Se agora todas oferecem semelhantes níveis de autonomia, remuneração por desempenho e incentivos à melhoria de cuidados, a diferenciação que existia em Coruche, por ser USF-B esbateu-se”, esclarece a ULS.
A entidade, que também gere o Hospital Distrital de Santarém, sublinha que a recente reestruturação dos Cuidados de Saúde Primários em Unidades Locais de Saúde teve como objetivo “uma maior articulação entre os diferentes níveis de cuidados”.
No mesmo comunicado, a ULS afirma que “tem mantido total abertura ao diálogo com os autarcas, como tem acontecido em múltiplos contextos, desde que exista disponibilidade e vontade por parte dos mesmos”, deixando antever uma alegada falta de iniciativa do Município de Coruche. Acrescenta ainda que “só com articulação institucional e corresponsabilização real entre a ULS e o município será possível construir soluções sustentáveis que garantam cuidados de saúde acessíveis, de qualidade e adaptados à população de Coruche”.
A ULS aproveita também para referir que “alguns municípios do país (e também na área geográfica da ULS Lezíria) optaram por criar incentivos adicionais à fixação de profissionais de saúde, nomeadamente médicos, de modo a manterem competitividade e atratividade dos seus territórios”, numa clara sugestão dirigida ao executivo municipal coruchense.
Quanto às medidas já em vigor, a ULS esclarece que estas pretendem “reforçar a capacidade assistencial no concelho de Coruche, com especial enfoque nos dias não úteis, através da presença de um médico adicional entre as 9h e as 14h, garantindo assim maior resposta clínica à população”.
Nos dias úteis, a principal alteração “prende-se com o local de atendimento, dado que a USF aumentou significativamente a sua capacidade de resposta para situações de doença aguda”, sendo que “a par disso, será reforçada a capacidade assistencial através do apoio da telemedicina, dirigida aos utentes da USF Vale Sorraia atualmente sem médico de família e também aos utentes esporádicos”.
Segundo a ULS, estas medidas “pretendem assegurar a continuidade e a proximidade dos cuidados, adaptando a resposta assistencial às necessidades da população com os recursos disponíveis, e visam proteger e assegurar a funcionalidade do acesso a cuidados de saúde a todos os inscritos no concelho de Coruche”.
A unidade de saúde assegura ainda que “houve um especial cuidado em preservar a funcionalidade do Serviço de Atendimento Complementar e, pelo menos, manter médicos no concelho, assegurando a continuidade da resposta assistencial, mesmo com recursos humanos escassos”. A prioridade, conclui, será “a manutenção do acesso da população a cuidados de saúde”.
