“Termos sempre transmitido toda a verdade às pessoas sobre os casos de covid-19 no concelho deu tranquilidade à comunidade…” afirma o Presidente do Município de Benavente que esclarece ainda o número de casos em vigilância activa no concelho

8 Maio 2020, 20:29 Não Por João Dinis

Vivendo em termos de informação também nós num verdadeiro “pandemónio”, sendo muitas vezes também confrontados com os nossos leitores que não entendem a discrepância entre os números apresentados pelos municípios, ou entidades de saúde locais, e os números da Direcção Geral de Saúde, questionamos o Presidente da Câmara Municipal de Benavente, sobre qual seria o seu entendimento sobre a situação e o que poderia motivar tal diferença entre os dados.

Neste bloco da entrevista ao Notícias do Sorraia, Carlos Coutinho esclarece também os munícipes sobre número de casos de vigilância activa no seu território, bem como dá conta importância das autarquias numa situação como esta.

Carlos Coutinho começou por nos referir, que de acordo com o seu entendimento, ”num problema com esta dimensão, é importantíssimo que haja uma voz de comando, e a nossa acção foi sempre, articulada com aquilo que eram as directrizes nacionais, quer aquelas que foram emanadas pelo Governo, pela DGS”, ainda que “com as devidas adaptações ao nosso território, mas sempre procuramos respeitar, porque efectivamente não é fácil para quem tem que tomar decisões, para quem quem tem que determinar como nos devemos posicionar em cada momento, e portanto nós sempre respeitamos isso mesmo.”

Temos que perceber a dimensão do problema com que nos confrontamos, e com os erros que se cometeram também, porque é preciso dizer isso, ninguém estava preparado e foram cometidos erros, mas eu acho que globalmente temos que dar uma mensagem positiva para aquilo que foi a forma como o país encarou esta situação e as decisões que foram tomadas, quer pela DGS, quer pelo próprio Governo, nós temos assistido a uma série de posições, de críticas aqui e ali”, refere-nos, sendo que para o autarca de Benavente, “o balanço é positivo, porque efectivamente foi uma situação com uma dimensão que ninguém esperava e creio que o país soube reagir muito bem. Reagiu não só naquilo que foi a atitude das pessoas, mas também naquilo que foi a forma como houve uma voz de comando, com erros, isso é verdade, mas que acho com assertividade também, o que é preciso também realçar.”

Sobre as diferenças entre os boletins da Direcção Geral de Saúde e os emitidos pelo serviço municipal de protecção civil de Benavente, Carlos Coutinho afirma que, “não me preocupa aquilo que é a discrepância dos dados da DGS com aqueles que nós temos, aquilo que nós dissemos sempre é que era fundamental falarmos verdade às pessoas, e falar verdade nesta situação é extremamente importante, para as pessoas terem confiança do que está a acontecer, isso é fundamental para que não tenhamos pânico, não tenhamos receio, para que possamos conviver com os problemas”, revelando que “foi isso que sempre procuramos na protecção civil, posso afirmar que os casos que estão registados, e são comunicados por parte da protecção civil, são casos perfeitamente identificados e correspondem à realidade”, resultado de uma proximidade muito grande da Senhora Delegada de Saúde.

Carlos Coutinho salienta que “conhecemos os casos individualmente, acho que nestas matérias não se podem estar a transmitir para foram que é que são essas pessoas, acho que as pessoas têm o direito à sua privacidade, o que importa é transmitir para fora a mensagem de qual é o ponto de situação”, “e para mim o ponto de situação fundamental é perceber se temos casos isolados, se são situações esporádicas, ou se temos algum foco de contágio. E foi essa a mensagem que sempre procuramos transmitir. Essa é a mensagem de verdade e obviamente que eu ligo pouco àquilo que são os dados da DGS, acho que não são um elemento fundamental”, conclui.

O Presidente da autarquia de Benavente refere que “estes (números da protecção civil municipal de Benavente), são os que as pessoas podem acreditar, são aqueles que temos e que sempre transmitido, agora se há uma diferença, provavelmente por erros informáticos, não importa, nós estamos no terreno, conhecemos os casos concretos e são esses que estão assinalados.”

No entender de Carlos Coutinho, “do ponto de vista da comunicação, e se estivermos a falar de números, era prejudicial para nós dizermos que temos 50 quando os dados oficiais são 29, não é isso que importa, o que importa é transmitir a realidade e a verdade às pessoas, sem muitas vezes ter um detalhe e um pormenor que eu acho que não importa, o que importa é percebermos em que situação é que a comunidade, o município, se encontra relativamente a isso, e nós, como sempre informamos as situações, quando era uma situação numa fábrica, isto corresponde a isto, não há problemas, foram casos isolados, estão acompanhados, estamos tranquilos”, dando depois o exemplo da Marinhave, onde “também transmitimos, o problema tem esta dimensão, e portanto essa verdade e as pessoas acreditarem e terem confiança acho que é importante para manter a estabilidade da comunidade.”

Uma das questões que tem levantando algumas dúvidas, tem sido o número de pessoas a serem vigiadas pelas autoridades de saúde, algo que o Presidente da Câmara Municipal começa por nos referir que “são as situações que são determinadas pela saúde, neste caso pela equipa que acompanha a Delegada de Saúde, e que em função das situações concreta que lhe são colocadas e de acordo com o protocolo que têm, definem quem é que são as pessoas que têm que ser acompanhadas do ponto de vista, de não por estarem positivo, mas por um contacto que tiveram, por alguma outra situação.”

Eu devo dizer que nós já chegamos a ter mais de 150 pessoas em vigilância activa”, esclarecendo-nos que, “no nosso comunicado aquilo que colocamos não é valor que seja a soma do que quer que seja, aquilo que colocamos é o número de pessoas que naquele dia estão em vigilância activa, não há aqui uma variação, nem um somatório, nem mais nem menos, é quantas pessoas estão no dia, são “x” e são essas que colocamos”,  referindo ainda que ”este número não apresenta uma variação, como nos outros dados, quantas pessoas estão positivas, quantas estão curadas, aqui não há essa possibilidade, porque hoje podemos ter 30, daqui por uma semana temos 10, como passado um dia ou dois temos 30, isto varia muito”, concluindo salientando que “a informação que damos, neste momento as pessoas que estão em vigilância activa, naquele dia são “x”, portanto hoje são 37, ontem creio que eram 11…

O covid-19, veio reforçar a importância dos municípios no contacto com os portugueses, por estarem mais próximos da população, por toda a gente se conhecer, esse contacto acaba por ser fundamental para que se possa disseminar esta pandemia, algo que ratificado pelo Presidente da Câmara Municipal de Benavente, que nos refere que “quando falamos do poder local, falamos de algo que é um traço distintivo, a ligação e a proximidade às populações e aqui neste caso acho que também foi muito importante, quem está próximo sente os problemas, sente as dificuldades, e obviamente que as respostas são para os problemas concretos, não para os problemas que eventualmente se identificam teoricamente”, prosseguindo afirmando que “estes são os problemas concretos e acho que os municípios de uma forma global no país, deram uma resposta extraordinária neste desafio que tiveram, e que foi extremamente exigente”, concluindo salientando que “eu não tenho dúvidas, que mais uma vez uma afirmação, não das pessoas, mas do modelo que serve o país, assente neste poder local e democrático, que tem esta característica que se diferencia do poder central.

Na terceira parte da entrevista de Carlos Coutinho ao Notícias do Sorraia, este irá abordar a crise económica provocada pelo covid-19, as medidas que vão ser tomadas pelo município de Benavente, a economia do seu concelho e a necessidade de apoios estatais, terminando a falar da cultura e da realização dos espectáculos e festas no concelho de Benavente.

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