O mês de setembro foi marcado por temperaturas máximas elevadas e precipitação inferior ao normal na Lezíria do Tejo e no Baixo Sorraia, segundo o Relatório do Estado das Culturas e Previsão de Colheitas da CCDR-LVT. Apesar das oscilações térmicas diárias, as condições do tempo foram, em geral, favoráveis ao desenvolvimento das culturas e à realização das colheitas, sem registo de constrangimentos relevantes no acesso à água para rega ou abeberamento de animais.
Na estação de Santarém/Fonte Boa, a amplitude térmica média foi de 14,6ºC, tendo atingido o máximo de 24,7ºC no dia 17. Em Coruche, a média situou-se nos 17,5ºC, com um máximo de 26,7ºC no mesmo dia. O teor de água no solo registou melhoria face a agosto, situando-se entre os índices de capacidade de campo [21, 40] e [41, 60], com algumas áreas de maior humidade em Coruche e Salvaterra de Magos. As reservas superficiais apresentaram ligeira descida, mas mantiveram-se acima do normal.
O tempo seco e quente permitiu um bom avanço das colheitas de milho de regadio, arroz e tomate para a indústria. No milho, a falta de chuva na segunda quinzena facilitou a secagem natural do grão no campo, embora se mantenham prejuízos localizados provocados por javalis. No arroz, os ventos fortes causaram acama em algumas variedades mais sensíveis. No tomate, as condições climáticas favoreceram a colheita, sem impacto relevante da precipitação.
Nos pomares de citrinos, em particular de laranja, o stress hídrico de agosto foi atenuado pela descida das temperaturas, mas a produção deverá ser inferior à do ano anterior e de qualidade mais baixa, devido à fraca frutificação e à queda de frutos. No olival, as variedades precoces entraram na fase final de síntese de azeite, com boa perspetiva de produção e frutos saudáveis, ainda que a qualidade do azeite só possa ser avaliada após a colheita. Os pomares de nogueiras apresentaram boa produtividade, impulsionada pela maturidade crescente das árvores, com frutos de boa qualidade. No amendoal, a campanha foi semelhante à do ano anterior, embora alguns pomares tenham registado fraca produção.
Em termos fitossanitários, registou-se a presença de mosca-do-Mediterrâneo nos citrinos, mas com intensidade baixa e sob controlo. No final do mês, observou-se um aumento de incidência da mosca da azeitona nos olivais, podendo justificar novos tratamentos nas variedades mais tardias e de regadio. As culturas de arroz registaram forte presença de milhãs e outras infestantes resistentes, e mantiveram-se estragos provocados por javalis.
As pastagens permanentes de sequeiro apresentavam-se secas ou já consumidas, mas a campanha de forragens foi produtiva e assegurou boa disponibilidade de fenos e silagens. As colheitas de milho para silagem tiveram produtividade ligeiramente inferior à do ano anterior, mas qualidade considerada boa. As sementeiras das novas culturas forrageiras de outono-inverno decorrem com normalidade. O gado bovino e ovino em regime extensivo foi alimentado com feno e palha, enquanto os efetivos intensivos recorreram à fenossilagem e à silagem de milho.
No conjunto, setembro caracterizou-se por um mês estável e produtivo na Lezíria do Tejo e Sorraia, ainda que persistam desafios na gestão fitossanitária e nas culturas mais sensíveis à falta de precipitação.






