Sessão evocativa do Dia Mundial da Saúde em Santarém alerta para a necessidade de literacia para a saúde

12 Abril 2024, 11:30 Não Por André Azevedo

A Câmara Municipal de Santarém assinalou o Dia Mundial da Saúde com uma sessão evocativa que contou com a participação de vários profissionais da área que discorreram sobre algumas temáticas que a afectam, como a literacia para a saúde, os constrangimentos que afectam o Serviço Nacional de Saúde, ou a relação entre a globalização e a pandemia Covid-19. A sessão decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Santarém, na tarde de 11 de Abril, embora o a efeméride se celebre a 7 de Abril.

O debate foi moderado pela Dra. Hélia Dias, presidente da Escola Superior de Saúde de Santarém.

Tatiana Silvestre, presidente da Unidade Local de Saúde da Lezíria do Tejo, abriu a sessão deixando um alerta para os constrangimentos que as faltas não justificadas a consultas e cirurgias causam no SNS, fazendo aumentar as listas de espera. A mais recente presidente da ULS lançou alguns dados para o debate, revelando que no Hospital de Santarém, em 2023, houve 2535 faltas a consultas, representando uma percentagem de 19 por cento de faltas, sendo que apenas três por cento foram justificadas. Nas cirurgias a percentagem foi menor com 154 faltas, ou seja apenas dois por cento, com apenas 21 faltas a serem justificadas.

O apelo é para que havendo a necessidade de faltar a consultas e cirurgias seja feito um aviso prévio, para que se possa remarcar a consulta de modo a que aquela vaga seja atribuída a outro utente. “Cada falta é tempo que os profissionais podiam utilizar com outro utente e acaba por ser perdido”, vinca Tatiana Silvestre.

Maria João Estorninho, jurista e especialista em contratação pública, abordou o papel da globalização na saúde, dando como exemplo o período da pandemia Covid.

“A globalização desempenhou um papel na propagação do vírus mas também na colaboração internacional para enfrentar a pandemia”, explicou.

Um dos temas comuns a todos os oradores foi a necessidade de literacia para a saúde. Félix Lobelo, Delegado de Saúde Coordenador da ULS assumiu que “a educação para a saúde é essencial para capacitar indivíduos a tomar decisões de qualidade para a promoção da saúde”, adoptando estilos de vida saudáveis como praticar exercício, manter uma alimentação equilibrada e evitar hábitos prejudiciais como o consumo excessivo de álcool, o tabagismo ou o consumo de drogas.

O Delegado de Saúde explicou ainda que a saúde é um direito e não um luxo, mas é também um dever individual e colectivo.

Embora haja um longo caminho a percorrer na questão da literacia para a saúde, segundo a coordenadora da Unidade de Saúde Familiar Almeida Garret, a dra. Eva Palha, diz que já observa muitos conteúdos relativos a esta temática nos conteúdos programáticos que são leccionados na escola.

“Vejo cada vez mais conteúdos relativos a literacia para a saúde nos livros escolares, especialmente da minha filha mais velha”, diz a médica.

Grávida do quarto filho, a médica alerta para um tema que diz preocupá-la dada à sua situação, que é o encerramento das maternidades.

“A falta de maternidades põe em causa a plenitude de direito à saúde, especificamente o nascimento” alerta a médica.

A última intervenção da tarde ficou a cargo da coordenadora da Unidade de Cuidados na Comunidade, a enfermeira Manuela Vieira, que abordou a necessidade de literacia digital para a saúde. A enfermeira explicou que há várias portas de entrada para o SNS, não sendo os hospitais a única, nomeadamente o Portal SNS, a linha SNS 24, a aplicação digital do SNS e os balcões SNS, que prestam serviços básicos que podem ser uma ferramenta para diminuir os tempos de espera nas urgências hospitalares ou até mesmo nas USF.

Ainda assim a enfermeira garante que a maioria das pessoas desconhece a existência destas ferramentas, especialmente porque há uma falta de promoção destas ferramentas que parte do próprio SNS.

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