Presidente da República considera que falta de coesão social é um problema grave que persiste na sociedade portuguesa

26 Maio 2024, 17:49 Não Por Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, classificou este sábado como um problema grave a “falta de coesão social” que persiste em Portugal 50 anos depois do 25 de abril.

Marcelo Rebelo de Sousa falava na sessão de encerramento do Congresso do centenário da Confederação Portuguesa de Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, tendo enaltecido o papel destas instituições na sociedade portuguesa em vários momentos de crise.

“Temos falta de coesão social. Cinquenta anos depois do 25 de Abril é um problema grave, e é grave por isto, porque toda a dinâmica associativa, todo o espírito de liberdade e de participação podem ser insuficientes se se acentuarem as clivagens entre os mais novos e os mais velhos. Entre territórios, dentro de territórios, entre as minorias que mais têm e as maiorias que menos têm”, disse adiantando que está à vontade para dizer estas palavras porque “é mais depressa um homem de direita do que de esquerda”.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que os 50 anos de Abril mostram que Portugal teve mais conquistas do que fracassos, mais vitórias do que derrotas, mas que manteve uma derrota permanente e persistente, a da pobreza e das desigualdades.

“E essa persistência é um problema da sociedade portuguesa”, referiu.

O Presidente da República, que hoje condecorou o presidente da Confederação Portuguesa de Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, destacou, na sua intervenção sobre o papel das coletividades, que as mais de 30 mil coletividades associadas constroem a coesão e a inclusão social todos os dias.

“É a maior rede social do país. Nos períodos de crise, na crise da Troika, na crise da pandemia, na crise depois e durante estas guerras que persistem no mundo, deve-se a essa rede o papel de construir todos os dias a coesão e a inclusão social, de combater o isolamento, de manter a saúde e o bem-estar, de olhar para as pessoas e para as comunidades, de trabalhar pela democratização do acesso ao desporto e do acesso à cultura”, disse.

Este é, para Marcelo Rebelo de Sousa, um trabalho insano, merecendo por isso a gratidão de todos os portugueses.

As coletividades, adiantou o presidente, têm passado por vários desafios, entre os quais o da sustentabilidade económica e financeira, o da visibilidade das suas reivindicações e agora o dos despejos e do aumento das rendas.

“Ainda hoje de manhã deparei-me com três portugueses que contavam da experiência das suas coletividades, que correm o risco de serem despejadas. Está iminente. Convidaram-me para visitar as sedes para ver como é que tinham aguentado tudo e não aguentavam agora a subida dos preços da habitação e das rendas”, contou Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que estas coletividades resistem, mas vivem muitas dificuldades de sobrevivência, o que leva à descaracterização das comunidades.

“Que este congresso signifique também um apelo de consciência. É muito importante que a economia portuguesa cresça, que a produtividade cresça, é muito importante que uma série de indicadores económicos cresçam, mas se a coesão social não aumentar, isso valerá para uma parte da sociedade portuguesa, não vale para outra, fica para trás de uma forma irreversível”, frisou.

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