Presidente da Associação dos Bombeiros da Golegã alega que “crispações” com o Comando foram fatores para apresentar demissão

11 Outubro 2024, 16:25 Não Por Lusa

Parte da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Golegã (AHBVG) apresentou a demissão na passada segunda-feira devido a “crispações” com o comando, disse hoje à Lusa o presidente desta associação.

Mário Rodrigues referiu que pressões diárias e a resistência a novas formas de trabalhar foram alguns dos fatores que contribuíram para a saída da direção da AHBVG.

O presidente da associação humanitária reconhece que a pressão do dia-a-dia, especialmente quando há necessidade de se mexer em pessoas e em métodos ou modos de funcionamento, gerou alguma crispação entre os membros da direção e o comando.

“Está relacionada com a pressão do dia-a-dia. Quando se mexe em pessoas, em modos de funcionamento, em métodos instalados que é preciso renovar e atualizar para os dias de hoje, os membros da direção não resistem em alturas de pressão e origina crispação. Há associações que têm mais velocidade para as coisas e outras que têm menos”, afirmou.

Mário Rodrigues criticou a lei que regula a relação entre a parte operacional e as direções das corporações de bombeiros por não ser clara o suficiente, criando zonas de conflito e falta de definição de responsabilidades, o que contribui para a instabilidade e conflitos internos.

“A legislação que existe em relação à corporação de bombeiros, à parte operacional e das direções, a lei não ajuda nada e facilita o aparecimento de zonas de conflito, zonas em que não é carne nem peixe. A lei (…) tem que impor fronteiras e responsabilidades”, defendeu.

O presidente destaca ainda “o desequilíbrio entre a crescente exigência de profissionalismo” na atuação dos bombeiros e o facto de estas associações funcionarem com base no voluntariado.

Segundo o responsável, é exigido às corporações gestão a nível empresarial”, o que gera tensões, uma vez que a mentalidade e o funcionamento das associações ainda têm elementos de “coletividade” e “amadorismo”.

Apesar de não ter apresentado a demissão, Mário Rodrigues colocou o cargo à disposição do presidente da assembleia geral, que vai discutir a situação e avaliar possíveis listas alternativas no início da próxima semana.

Contactado pela Lusa, António Camilo, presidente da Câmara da Golegã, no distrito de Santarém, afirmou que se trata “de uma situação normal que acontece em todas associações” e garante que as operações de emergência não serão afetadas”.

“A demissão não vai afetar, em termos operacionais. Qualquer eventualidade está assegurada. Vamos pedir uma ajuda suplementar em caso de não funcionar, mas na Golegã temos a retaguarda, com o comando sub-regional sob aviso”, revelou.

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