Portugal Precisa de Investimento de mais de 2 Mil Milhões de Euros em Regadio até 2030, revela Estudo da FENAREG

Portugal precisa de investir mais de 2 mil milhões de euros até 2030 para modernizar o regadio e assegurar a resiliência hídrica e alimentar, de acordo com um estudo da FENAREG – Federação Nacional dos Regantes de Portugal. Atualmente, o valor disponível para este tipo de investimento é de apenas 631 milhões de euros, o que representa 31% das necessidades identificadas.

José Núncio, Presidente da FENAREG, sublinha que “o investimento na modernização e aumento da eficiência das infraestruturas de armazenamento e distribuição de água é determinante tanto para o desenvolvimento da economia do país como para o setor agrícola. Este setor tem potencial para gerar 320 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto por ano, o que equivale a uma valorização idêntica à da TAP em 10 anos”.

O estudo da FENAREG aponta para a necessidade de modernizar infraestruturas com mais de 50 anos, expandir a área infraestruturada para rega e aumentar a capacidade de armazenamento de água. “As albufeiras existentes em Portugal têm capacidade para armazenar apenas 20% das afluências médias anuais, o que significa que 80% da água da chuva é desperdiçada. É urgente resolver este problema”, alerta José Núncio.

Para colmatar a diferença entre as necessidades e as verbas disponíveis, a FENAREG propõe um modelo de financiamento multifundos que inclua verbas adicionais do Fundo de Coesão, do FEDER, do PRR e do Fundo Ambiental, bem como financiamentos do Banco Europeu de Investimento. Segundo José Núncio, “as verbas atualmente previstas são as mais baixas de sempre e não garantem a sustentabilidade futura dos regadios nacionais. É essencial canalizar recursos de outros fundos para assegurar o investimento necessário”.

O Presidente da FENAREG destaca ainda que “esta é uma janela de oportunidade única para Portugal. Temos de concretizar a mudança necessária, não apenas no curto prazo, mas também a médio e longo prazo. Cerca de um terço da área de regadios públicos está em aproveitamentos hidroagrícolas com mais de quatro décadas, onde as perdas de água chegam aos 40%. Modernizar estas infraestruturas é vital”.

Com este esforço de investimento, a FENAREG pretende beneficiar mais 50.000 hectares até 2030 e 250.000 hectares até 2050, incluindo zonas atualmente regadas com águas subterrâneas que podem transitar para sistemas de abastecimento coletivo mais sustentáveis. José Núncio conclui que “é fundamental criar uma estratégia nacional de resiliência hídrica que promova a coesão social e territorial e prepare o país para os desafios das alterações climáticas. O futuro da agricultura e da segurança alimentar nacional depende disso”.