Portugal abaixo da média europeia no número de alunos a frequentar o Ensino Profissional

15 Janeiro 2023, 14:17 Não Por Redacção

No ano lectivo 2020/2021, cerca de 40% dos alunos portugueses no ensino secundário estavam matriculados no Ensino Profissional, um valor que coloca Portugal entre os 10 países da União Europeia com menor percentagem de alunos neste tipo de ensino e abaixo da média europeia (49%), revela a Fundação José Neves, que apresentou o “Guia sobre o Ensino Profissional: uma escolha com futuro”.

Segundo a Fundação, estes dados são influenciados pelo preconceito em relação ao Ensino Profissional, que está muito enraizado na nossa sociedade e está, sobretudo, relacionado com a percepção, enganadora, de que este apresenta uma qualidade inferior e que é destinado aos jovens que não encontram outras alternativas.
Apesar disso, nos dias de hoje, o percurso no Ensino Profissional já é encarado de outra forma e os números provam que não é uma escolha de segunda linha, onde as vantagens salariais e de empregabilidade associadas a este tipo de ensino têm ajudado à sua credibilização.

O “Guia sobre o Ensino Profissional: uma escolha com futuro” pretende ser uma ferramenta de apoio essencial para estudantes e respectivas famílias, que têm dúvidas sobre se esta via de ensino poderá ser uma boa escolha. O Guia reúne dados sobre os alunos e diplomados do Ensino Profissional, apresenta as vantagens e desvantagens deste tipo de ensino e deixa sugestões para quem pretende enveredar por esta via.

“É importante contrariar o preconceito relacionado com o Ensino Profissional e realçar as mais-valias desta via, que pode revelar-se bastante vantajosa, sobretudo no rápido ingresso no mercado de trabalho e no aspeto salarial no início da carreira, além de dotar o mercado de trabalho de profissionais qualificados e com experiência prática. É evidente que este tipo de ensino requer uma maior atualização de competências ao longo da vida, mas essa é uma realidade cada vez mais transversal no mercado de trabalho, independentemente da via que se escolha. Além disso, o Ensino Profissional permite prosseguir os estudos para o Ensino Superior”, salienta Carlos Oliveira, Presidente Executivo da Fundação José Neves.

Segundo os dados recolhidos pela Fundação José Neves, um terço dos jovens matriculados no ensino secundário frequenta um curso profissional.

A Fundação destaca ainda o facto de 14 meses depois de concluírem um curso profissional, 51% dos jovens estavam a trabalhar e 9% estavam simultaneamente a trabalhar e a estudar, bem como o sucesso evidenciado por no início da vida profissional, um jovem com o ensino secundário que tenha optado pelo Ensino Profissional terá maior probabilidade de obter emprego e uma remuneração mais elevada do que quem tenha optado pelo Ensino Científico-humanístico.

Um terço dos jovens que concluíram um curso profissional optam por prosseguir os estudos, 22% destes frequentaram uma licenciatura numa universidade, 23% frequentaram uma licenciatura num instituto politécnico. Quase metade (48%) preferiu inscrever-se num curso Técnico Superior Profissional (TeSP).

Em Portugal, a oferta de cursos é bastante vasta e está organizada por Áreas de Educação e Formação, sendo estas as que têm mais ofertas formativas, Ciências Informáticas, Hotelaria e Restauração, Audiovisuais e Produção nos Media, Turismo e Lazer e Desporto.

Recorde-se que o país pretende acompanhar a valorização do Ensino Profissional e definiu como objectivo ter, até 2030, 55% dos diplomados do ensino secundário pela via profissionalizante, reconhecendo que uma mão-de-obra mais qualificada, com mais competências cognitivas, analíticas e digitais é fundamental para o desenvolvimento económico do país.
Em 2021 este valor era de 37%.


Fotografia: Direitos Reservados

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