O candidato do Chega à Câmara de Santarém defendeu hoje a criação de um plano estratégico urgente para o centro histórico da cidade, alertando que a zona pode desaparecer se não forem tomadas medidas concretas no próximo mandato.
“Este mandato foi uma nulidade para o centro histórico. Se os próximos quatro anos forem iguais, praticamente já não haverá centro histórico”, afirmou Pedro Correia antes de uma reunião com a Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES).
O candidato apontou o encerramento de cerca de uma centena de lojas como sinal da degradação da zona e criticou a retirada de estacionamento, afirmando que afasta moradores e visitantes.
Afirmando que “sem pessoas não há comércio” e “sem estacionamento, as pessoas não vêm”, Pedro Correia defendeu uma abordagem “holística” ao problema que envolva moradores, comerciantes e visitantes.
O cabeça de lista do Chega a Santarém disse ainda que o poder político deve ouvir quem está no terreno e trabalhar em articulação com associações como a ACES.
“Sem os comerciantes e empresários, nada do que se possa vir a fazer se pode concretizar. O poder político, por si só, não chega”, afirmou, sublinhando que os candidatos do Chega “vivem e trabalham no centro histórico” e conhecem a realidade local.
O candidato acusou o executivo municipal de estar “numa torre de marfim” e de falhar na promoção do património histórico da cidade, afirmando que “quem vem de fora nem sabe que existe um centro histórico” porque “não há uma placa, não há sinalização”.
“É como se fosse uma vergonha mostrar o que temos”, criticou.
Pedro Correia contestou também o plano de requalificação apresentado pelo executivo, considerando que se trata de uma “promessa eleitoral” sem execução.
“Foram 59 mil euros para um estudo prévio, contratado a uma empresa externa. Como tantos outros, está na gaveta”, disse, referindo ainda os valores gastos em estudos para o funicular (91 mil euros), para a Ribeira de Santarém (180 mil euros) e para o Museu de Abril e Valores Universais (450 mil euros).
“Só em estudos e projetos foram cerca de 800 mil euros. E nenhum saiu do papel”, afirmou, defendendo ainda que Santarém deve ser comparada com cidades como Évora ou Guimarães, e não com grandes capitais.
Sobre o projeto de requalificação divulgado pela câmara, onde se inclui a criação de “passeios confortáveis”, Pedro Correia considerou que a proposta “não acolhe a visão do Chega”, por retirar ainda mais estacionamento.
“Os visitantes só vêm se tiverem onde estacionar. Basta ver as grandes superfícies: todas têm estacionamento. O centro histórico tem de seguir essa lógica”, afirmou, descartando também o projeto do funicular, que classificou como “turístico” e “inadequado para transporte público”.
Pedro Correia apontou como prioridade a criação de estacionamento vertical junto à estação da CP, para responder ao aumento da procura provocado pelo passe ferroviário.
“A Câmara devia ter previsto esta situação. Hoje, ir à estação é um caos. Falta estacionamento e as acessibilidades são péssimas”, afirmou.
O Chega defende ainda um reforço do transporte público entre freguesias e entre as freguesias e a cidade, rejeitando a criação de uma nova empresa intermunicipal de transportes, como proposto pelo PS.
“Não apoiamos essa solução. É preciso investir diretamente na melhoria da oferta existente, com foco nas necessidades reais da população”, afirmou.
O executivo municipal de Santarém é atualmente composto por quatro eleitos do PSD e quatro do PS, num acordo de governação que distribui pelouros entre os dois partidos. O Chega tem um vereador.
Para as eleições de domingo, são candidatos à presidência da Câmara Municipal de Santarém o atual presidente da câmara, João Leite (coligação PSD/CDS-PP), Pedro Ribeiro (PS), José Rui Raposo (CDU – coligação PCP/PEV), Pedro Correia (Chega), Pedro Mendonça (coligação Livre/BE) e Rodrigue Devillet Lima (IL).
