Património e Cultura unem municípios da Lezíria do Tejo

18 Junho 2021, 16:03 Não Por João Dinis

A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) apresentou esta sexta-feira e em Santarém o Projecto “Programação em Rede”, que durante 18 meses irá ligar os municípios de Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém pela vertente cultural.

Após a aprovação da candidatura aos fundos comunitários, e com uma dotação de 600 mil euros, este programa irá levar a todos os concelhos diversas vertentes culturais e artísticas, a realizar essencialmente em espaços abertos ao público, mas também integrando muitas das actividades culturais dos concelhos, como é o caso da Bienal de Artes de Coruche ou das Jornadas de Cultura de Salvaterra de Magos.

António Torres – CILMT

Segundo a CIMLT este programa tem como objectivo “promover a dinamização, promoção e desenvolvimento do património cultural, enquanto instrumento de diferenciação e competitividade dos territórios, designadamente através da sua qualificação e valorização turística, tomando como indicadores de avaliação quer o aumento do número de visitantes a sítios património cultural e natural, bem como o número de espcetadores das acções de animação cultural / artística e de eventos de carácter internacional.

Pedro Ribeiro, Presidente da CIMLT, frisou que o programa além de unir o território em torno da sua cultura e do património é também importante no processo de desconfinamento. “Precisamos de tratar da nossa saúde e mental e a cultura tem uma importância enorme”, referiu.

Pedro Ribeiro – Presidente da Comunidade Intermunicipal na apresentação do Projecto

O programa será vasto e irá percorrer todos os concelhos, entre os meses de Julho e Dezembro e na primeira fase do projecto (Eixo 1), será dado destaque à ‘Lezíria Imaterial’, “onde a quase totalidade das acções decorrerão em espaço público” e onde se conjugarão dois âmbitos, “a recuperação de um conjunto de projectos artísticos que vinham a ser consensualizados entre os municípios da região e em que os seis primeiros percorrerão todo o território em itinerância e o sétimo, Projeto Mosaico, terá acções de carácter mais pontual, mas que contribuem para a riqueza do todo.”

De acordo com a CIMLT “em termos temáticos, os três primeiros projectos, em formato de residência artística, serão desenvolvidos a partir de temas a definir por cada um dos onze municípios, os três seguintes, dos quais o primeiro também em formato de residência artística, versarão o património imaterial e natural comum e o sétimo, temas específicos de cada um dos municípios directamente envolvidos.”

Conheça agora os sete projectos a desenvolver na Lezíria do Tejo, sendo que a sua calendarização irá ser anunciada ao longo do tempo:

Projecto 1. Vale – Cinema documental
Esta residência artística, constitui-se como um projecto de capacitação e empoderamento, tendo como objectivos: A aquisição e o desenvolvimento de competências básicas, profissionais, sociais e pessoais, procurando contribuir para uma maior integração e para a eliminação de discriminações, assimetrias económicas, sociais, culturais e territoriais, através de práticas artísticas e culturais, bem como para o aumento dos sentimentos de pertença do indivíduo na comunidade; A finalidade, é criar métodos de trabalho em equipa, propondo aos participantes o desafio da construção conjunta de um documentário vídeo. Escolher-se-á um tema do património cultural material ou imaterial relevante de cada município, que servirá de linha condutora para cada projecto. O trabalho final será apresentado ao público, no final de cada residência.

Projecto 2. Workshop de Arte Urbana
Este é um projecto de capacitação e empoderamento e também aqui, os objectivos são: A aquisição e o desenvolvimento de competências básicas, profissionais, sociais e pessoais, procurando contribuir para uma maior integração, para a eliminação de discriminações, assimetrias económicas, sociais, culturais e territoriais, através de práticas artísticas e culturais, bem como para o aumento dos sentimentos de pertença do indivíduo na comunidade; A técnica utilizada, o stencil ou molde vazado é uma lâmina de acetato recortada a laser com diversos tipos de desenhos, escolhidos de acordo com a necessidade do tema em que se trabalha. A sua principal utilização é para aplicar uma imagem. A palavra Stencil é uma palavra 4 em inglês que significa estampar algo por meio de um desenho já recortado, teve origem na China junto com a invenção do papel no ano 105 d.C. Do programa do Workshop, constará a apresentação da técnica de stencil, (como nasceu, artistas que utilizam a técnica); Apresentação do trabalho, evolução da técnica; Experimentação de corte de stencil; Pintura dos stencils em outros suportes; Escolha de imagem que a trabalhar para pintura em mural; Explicação de alguns processos que nos levam ao stencil final; Corte e aplicação do Stencil.

Projecto 3. Valoriz’Arte
Este projecto visa valorizar pessoas através da arte performativa de Estátuas vivas. Ser uma estátua viva e apresentar um número em público, é um processo complexo e desafiante, mas ao mesmo tempo muito compensador. Quando se apresenta uma performance de estátua viva, um artista veste um fato trabalhado para o efeito, faz a sua maquilhagem e apresenta-se ao público num pedestal e na maioria das vezes esta apresentação é feita directamente na rua diante do público que passa. O que se pretende é fazer passar a sua mensagem de forma agradável para que cative o público e assim poder ganhar a sua atenção. O propósito deste projecto é trabalhar com estes grupos de pessoas, dando-lhes a oportunidade de se desafiarem em vários níveis, proporcionando-lhes uma experiência única e gratificante que vai aumentar a sua auto-estima, popularidade e reconhecimento junto da comunidade. Decorrerá em sistema de residência, de 5 dias em cada Município com grupos até 10 elementos. Inclui: Preparação e elaboração de fatos, maquilhagem, performance, construção de personagens, ética e postura de trabalho. O último dia será dedicado á apresentação dos conteúdos aprendidos durante a residência artística num evento organizado no município, onde cada participante será desafiado a representar um personagem diante da população. No final de cada ano alguns participantes poderão ter a oportunidade de participar num evento de maior visibilidade, como participação no Festival de Estátuas Vivas de Santarém. O projecto visa desenvolver a criatividade, a disciplina pessoal, e a capacidade de mediar os impulsos; contribuir para o desenvolvimento da coordenação motora; promover a socialização através do trabalho desenvolvido em grupo; desenvolver a auto-estima através da participação num Festival de Estátuas de referência.

Projecto 4. Dançar com…
“As Vindimas” Tomando a forma de residência artística onde o trabalho decorrerá de forma intensiva ao longo de uma semana culminando com uma apresentação pública do produto final sobre um tema regional/local do património imaterial dos municípios da Lezíria do Tejo: “As vindimas”. A partir de vivências corporais a expressividade do corpo, dos sentimentos e das emoções, o conhecimento sobre si e sobre o outro, a comunicação, a sensibilização e criatividade, permitindo aos participantes autonomia para criar e representar, pretende-se desenvolver e aprimorar as possibilidades de movimentação dos participantes, descobrindo novos espaços, novas formas, superando limitações e condições para enfrentar novos desafios relativos aos aspectos motores, sociais, afectivos e cognitivos. Por fim, através da interacção com o outro, possibilitar a troca de experiências, a socialização, o respeito e a construção de conceitos. Inclui: I) Montagem de espectáculo de raiz sobre o tema: Vindimas; II) Residência artística com intervenientes locais (destinatárias/os); III) Apresentação de espectáculo; Objectivos: Promover o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais e promover a inovação e experimentação artística, facilitando a dinamização de estratégias de inclusão social, através de: Melhoria a coordenação motora; Favorecimento e consolidação de noções de espaço e de localização; Aumento da concentração, flexibilidade e resistência corporal; Correcção e melhora da postura; Estimulação do desenvolvimento intelectual, da expressão, da memória e da auto-estima; Desenvolvimento da sensibilidade musical, do equilíbrio e dos reflexos; Promoção de contextos de criatividade e socialização.

Projecto 5. Tejo – Por um Fio
Uma aventura de um menino que brinca numa montanha desconhecida e que decide seguir as suas águas e aventurar-se num caminho de descoberta de animais, plantas, seres misteriosos que neles vivem. O rio tem águas calmas, águas doces, águas que alimentam o futuro. Um tesouro que é de todos e que por todos devemos cuidar. Um espectáculo de formas animadas que pretende alertar para o passado, o presente e o futuro. É um convite à imaginação e à reflexão. Será que somente os peixes sofrem com as águas poluídas?

Projecto 6. A Lezíria a gostar dela própria
“A Lezíria a Gostar dela Própria”, é um projecto da autoria de Tiago Pereira, que procura a predisposição para a teimosia de tentarmos construir em nós, uma alfabetização do escutar. O grande e paradoxal desafio é este: para que cada um de nós aprenda o alfabeto, precisa de despertar primeiro o gatilho da curiosidade, essa força motriz telúrica, para persistir na teimosia de conhecer as múltiplas (áudio) grafias presentes em cada contexto: a grafia do mundo da Adélia Garcia ou das Moças Nagragadas do Algarve, a grafia dos rappers e dos fadistas e suas modelações vocais, a grafia dos agentes musicais da capital, entre outras.” O projecto constará da presentação de onze vídeo / performances, a partir da realização de dois documentários vídeo, sobre temas do território. Produção de “A música Portuguesa a gostar dela própria”, com os artistas Tiago Pereira e Sílvio Rosado. REMISTURAR O LOCAL Sílvio Rosado, músico, e Tiago Pereira, realizador, criam um espectáculo de cinema performance, a partir das gravações de práticas musicais, histórias de vida e ambientes sonoros de um determinado local. Num primeiro tempo, constroem um arquivo vivo de documentos de uma música-sonoridade identitária local, que pode ser consultado e que mantêm a memória viva. Numa fase seguinte constroem uma narrativa documental, com todos esses elementos, unindo-os através de uma entrevista com alguém que consiga estabelecer um discurso sobre os mesmos, criando um fio condutor. Depois, já em palco, esse mesmo arquivo-memória, documentário é desconstruído, e muitas vezes convida as pessoas reais que já tinham sido gravadas anteriormente, a estarem em palco, participando também, permitindo que a comunidade se reveja e se questione num espaço que é também lúdico, mas onde se pode dançar a memória e seguir a história

Projecto 7. Mosaico
 Reunião de pequenos fragmentos multicores (…), justapostos para formar um desenho e ligados por um cimento; (…) (in Nova Enciclopédia Larousse, ed. Círculo de Leitores, 1994). Neste projecto a desenvolver em 2021, optámos por definir uma filosofia de programação e um conjunto de princípios e de objectivos e convidar agentes culturais e artísticos do território da Lezíria, a apresentar propostas que possam ir ao encontro desse desiderato, procurando assim, ir mais especificamente ao encontro da acção iv De capacitação das entidades culturais locais como mediadoras e facilitadoras culturais, promovendo uma maior proximidade e acessibilidade, utilizando linguagem em português claro e simples. A filosofia do projecto e a forma de implementação, embora mais simples, serão similares ás desenvolvidas para o eixo 2, pelo que nos escusamos de aqui as reproduzir. Em todo o caso, a ideia é valorizar acções que possam potenciar as linhas de força mais específicas e relevantes do território. Justapor propostas, de forma a criar um desenho conjunto, ligado por um cimento: reforçar a identidade da Lezíria. Serão, pois, seleccionadas iniciativas no campo das artes performativas e não performativas, nomeadamente: arquitectura, artesanato, artes de palco, artes visuais, design, cinema, literatura, artes digitais e novos media digitais e podendo incluir 6 expressões artísticas das chamadas artes Erudita, Sacra, Contemporânea ou Tradicional.

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