Padre de Santarém condenado em 2015 por abuso sexual de menores mantém-se em funções

13 Março 2023, 19:35 Não Por Lusa

O padre da Diocese de Santarém condenado, em 2015, pelo Tribunal de Santarém, por abuso sexual de menores mantém-se nas paróquias de Póvoa da Isenta e Almoster, tendo pedido para ser substituído nas celebrações que deveria ter conduzido no domingo.

Questionada pela Lusa sobre a situação de António Júlio Ferreira dos Santos, nomeadamente sobre uma eventual suspensão de funções para reavaliação do seu processo, a Diocese afirma não ter sido tomada qualquer decisão nesse sentido.

“O padre Antonio Júlio Ferreira dos Santos não foi suspenso e até ao momento não informou o bispo diocesano [José Augusto Traquina] de qualquer decisão nesse sentido. No passado domingo, apenas e por decisão pessoal, não celebrou nas comunidades onde é administrador paroquial pedindo assim auxílio a colegas para as celebrações previstas”, afirma.

Na sua resposta, a Diocese declara que a intervenção feita pelo responsável citado pelo jornal, no final da celebração, foi feita “a título pessoal”.

“Não foi nem a pedido do bispo diocesano nem da comissão referida”, salienta.

A Diocese acrescenta que, “até ao momento, o padre António Júlio não informou nem o bispo de Santarém, nem os que o acompanham, de qualquer intenção de nova avaliação, seja psiquiátrica ou psicológica, não afastando obviamente esse cenário num futuro”.

António Santos, então padre na Golegã (Santarém), foi condenado, em março de 2015, a pena suspensa de 14 meses de prisão por dois crimes de abuso sexual de criança, tendo o Tribunal entendido que estes não assumiram a forma agravada, como estava acusado.

O coletivo de juízes decidiu não aplicar a pena acessória pedida pelo Ministério Público, de proibição do exercício da profissão, por entender que as funções do padre não implicam necessariamente que tenha menores sob a sua vigilância.

O padre alegou que tinha uma depressão, tendo o Tribunal determinado que o acompanhamento psiquiátrico prosseguisse durante os 14 meses de suspensão da pena.

O primeiro abuso dado como provado ocorreu durante um acampamento de escuteiros na noite de 26 para 27 de outubro de 2013, numa tenda onde dormiam quatro jovens, tendo-se António Santos deitado entre duas delas, tocando a menor, então com 11 anos, por cima do saco-cama.

A outra situação ocorreu na noite de 08 de novembro durante uma visita com um grupo de jovens à Feira da Golegã, quando assistiam a um jogo de horseball, tendo o padre metido a mão dentro do bolso do casaco da menor, então com 12 anos, tocando os seus órgãos genitais.

A decisão do Tribunal Criminal de Santarém foi confirmada, ainda em 2015, pela Santa Sé, tendo o padre sido nomeado, em 2016, vigário paroquial de outro pároco, ajudando-o no serviço paroquial “apenas do ponto de vista celebrativo”, afirma a Diocese.

“Desde então, viveu e vive no Seminário de Santarém com o bispo e com outros sacerdotes, e recebeu o acompanhamento médico e psiquiátrico necessário e aconselhado”, acrescenta.

António Júlio Santos é, desde 2021, administrador paroquial das Paróquias de Nossa Senhora da Conceição, de Póvoa da Isenta, e Santa Maria de Almoster, ambas no concelho e vigararia de Santarém.

“Esclarecemos que do ponto vista canónico e organizativo, este cargo é, pois, muito limitativo, porque permite apenas ao padre em questão a administração da prática dos sacramentos, a celebração da missa e a realização de funerais, não estando em contacto nem com crianças nem com menores a não ser nas celebrações”, afirma a Diocese.

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