Opinião – Vai um copinho de vinhos do Tejo?

14 Maio 2023, 17:37 Não Por Redacção

A “Cidade Portuguesa do Vinho 2024” será, pela primeira vez, no Ribatejo. Resulta de uma candidatura conjunta dos municípios de Santarém, Almeirim, Cartaxo e Alpiarça e foi eleita em Assembleia Intermunicipal da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), entidade que tem como objetivo, a valorização dos territórios associados à cultura do vinho.

Numa altura em que o vinho português “anda na boca do mundo”, pelos melhores motivos e que o Douro Vinhateiro, (a mais antiga região demarcada do mundo), património da humanidade é Cidade Europeia do Vinho, em 2023.

Esta semana foram conhecidos os resultados do concurso nacional “Cidades do Vinho”, inserido na programação da Cidade Europeia 2023 e organizado pela Associação de Rotas de Vinhos de Portugal, em São João da Pesqueira, Douro. Estiveram a concurso, 500 referências de vinho das várias regiões do país, avaliados por 35 especialistas do setor, de que resultaram 34 medalhas de grande ouro e 117 medalhas de ouro. 

Esta semana ficámos a saber que duas marcas de vinhos portugueses foram distinguidas no ranking “The world’s most admired  Wine Brands 2023”, os 50 vinhos mais admirados em todo o mundo.

E porque somos um país de fenómenos, esta semana também ficámos a saber que Portugal é o país do mundo que consome mais vinho “per capita” e que 60% dos portugueses consome vinho. Os dados foram revelados pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD) e tornados públicos pela comunicação social, informação que carece de contexto e alguma reserva interpretativa.

Sou um desses portugueses que aprecia vinho e moderação. É caso para escrever que podemos ver “o copo meio vazio ou meio cheio”. O consumo de vinho é uma questão social e cultural. Um comportamento de risco é algo bem diferente e não se aplica à maioria dos apreciadores. Na cultura do vinho há cada vez mais, a preocupação em formar e educar para um consumo equilibrado. Por isto, a informação não faz notícia. E serão só os portugueses ou é o consumo em geral? e quanto a recebermos cada vez mais turismo que aprecia a gastronomia e vinhos, conta?

Concentremo-nos na boa evolução deste produto de Portugal. E no apreço pelas regiões vinhateiras.

A Lezíria do Tejo tem vindo a construir-se devagar, depois da Região do Ribatejo ter sido dividida em Médio Tejo e Lezíria.  Ser “Cidade portuguesa do Vinho 2024” surge na altura certa. É de aproveitar os ventos favoráveis, agora, que tanto se fala e escreve, da possibilidade de construção de um novo aeroporto, em Santarém. Aí está uma oportunidade de afirmação regional. Desta vez, com a excelência do produto nobre, um ano temático, dedicado ao vinho.

As atividades vão decorrer com programação nos quatro municípios, feiras de vinhos, ações de capacitação, visitas a adegas, provas guiadas, entre outras. A região receberá ainda as iniciativas da AMPV, com delegações e galas nacionais, pelo que haverá lugar a novas parcerias, produtores e empreendedores. Haverá partilha, aprendizagem, comunicação e projeção em torno do setor, como nunca.

Recordo que há pouco mais de uma década, os vinhos do Ribatejo tinham imagem e qualidade duvidosas. Em 2009, a Comissão Vitivinícola Regional (CVR) alterou a designação da marca “vinhos do Ribatejo” para “vinhos do Tejo”, uma nova imagem associada ao rio internacional, numa tentativa de construir qualidade.  E assim se deu início a uma estratégica de promoção da região, com ganhos evidentes na formação de novos enólogos e oferta adequada aos gostos do consumidor mais esclarecido e apreciador de vinhos aromáticos e menos alcoólicos.  O caminho faz-se caminhando e este, fez-se de certificação de processos e novos mercados.

Uma estratégia que se reconhece ganhadora. Atualmente, quando provamos vinhos do Tejo percebemos que se serve uma região de tradição, sente-se a Lezíria quente e fértil, que preserva as sub-regiões e terroir distintos, com a mistura da gente que “não se fica” porque sabe que na terra é que está o sustento da economia.

A “Cidade portuguesa do vinho 2024” é iniciativa de quatro municípios, mas traz valor a toda a região. Gostaria que o meu município fosse desde já parte da candidatura, mas sei que o bom vinho quer rolha de cortiça, numa ligação de estreita e natural parceria. E assim se integra Coruche.

Estou convicta de que no final do ano temático, teremos maior notoriedade no mercado nacional e internacional, mais produtores de qualidade e que se ganha o turismo associado ao vinho, como produto estruturado, tal como em outras regiões do país, onde o viajante faz prova e sente que a identidade de um vinho está no seu território.

Pois que seja agora!

Sejamos embaixadores dos nossos vinhos!

Boas provas e bons brindes, com vinhos do Tejo!

________________

_____________________

_____________________