Opinião – Talvez…Ao nosso lado!
30 Novembro 2023, 15:35Mesmo na noite mais triste
Em tempos de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz NÃO!
Manuel Alegre
No passado dia 25 de novembro assinalou-se o Dia Internacional para a Eliminação da violência contra as Mulheres.
Esta data foi instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas através da sua resolução 54/134, no dia 17 de dezembro de 1999, em homenagem à luta de “Las Mariposas” – nome clandestino das irmãs Mirabel que lutaram contra o regime ditatorial de Rafael Leónidas Trujillo na República Dominicana, data em que foram assassinadas.
A Assembleia Geral das Nações Unidas determinou esta data para o início de práticas reivindicativas que envolvam governos, organizações internacionais e organizações não governamentais, de modo a sensibilizar a opinião pública sobre o problema da violência contra a mulher, com vista à exigência da mudança, que é URGENTE.
Segundo dados divulgados pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), nos primeiros nove meses de 2023, morreram vítimas de violência doméstica 14 mulheres, 3 homens e 1 criança, totalizando 18 vidas perdidas, mesmo assim, números inferiores aos dos últimos anos:
2022 – 20 Mulheres e 1 Criança;
2021 – 20 Mulheres;
2020 – 20 Mulheres;
2019 – 27 Mulheres.
Foram divulgadas 23.306 ocorrências comunicadas à GNR e à PSP, entre os meses de janeiro e setembro de 2023.
Sofia Amaral, investigadora do Center for Labor Economics da Universidade de Munique, na Alemanha, que elege como tema central da sua investigação a igualdade na vida, a garantia dos direitos das mulheres, a melhoria das suas condições de vida e de trabalho com o objetivo de possuírem, livremente, um projeto de vida livre de violência, autónomo e digno, refere que em Portugal 1 em cada 3 Mulheres é vítima de violência cometida pelo parceiro.
Portugal, diz ainda Sofia Amaral, encontra-se no topo do ranking europeu em termos de percepção sobre o quão comum é a violência doméstica.
A cultura e o estigma à volta do problema estão ligados a uma tendência para não revelar as verdadeiras circunstâncias em que vivem as Mulheres Portuguesas no seio familiar.
Será que todos nós, temos verdadeira consciência do que poderá ser a violência doméstica ou até que níveis pode atingir? Recordemos então os vários tipos de Violência Doméstica:
Física – Submeter a vítima a violência física ou impedir tratamentos de saúde e também acesso a alimentos.
Económica – Dificultar o acesso ao dinheiro, controlando o ordenado e contas bancárias.
Emocional – Incutir medo ou mal estar psicológico com insultos, humilhações, chantagem e ameaças.
Social – Impedir a vida social da vítima afastando-a da rede familiar e controlando a comunicação.
Sexual – Forçar a prática sexual contra a vontade da vítima ou relações sexuais desprotegidas.
Perseguição – Seguir e controlar os movimentos da vítima fora de casa para intimidar ou aterrorizar.
O MDM (Movimento Democrático de Mulheres) fundado em 1968, organização de âmbito nacional, sem fins lucrativos, independente do Estado, de partidos políticos ou religiosos, tem como objetivo central, a luta pela emancipação das mulheres, pela paz e pela dignidade humana, comemorou este Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, através da distribuição por todo o país (entre outras ações) de uma mensagem intitulada:
NÃO CALAMOS!
A violência física, psicológica, moral e sexual, em casa, no trabalho, no espaço público, na publicidade, na internet, nas zonas de conflito ou guerras, continuam a flagelar a vida de milhões de mulheres e raparigas em todo o mundo.
A multiplicidade de violências que atentam contra a integridade, segurança, liberdade, autonomia, direitos e dignidade das mulheres.
O MDM exige que o governo cumpra os direitos das Mulheres, promova a Justiça Social, previna e combata todas as formas de violência.
O tema da violência doméstica é atual e talvez viva ao nosso lado, na nossa casa, no nosso trabalho, na nossa rua … É urgente estarmos atentos, por nós, pelos nossos filhos, pelos nossos jovens, pelos nossos netos.
Há que ter coragem de agir, de denunciar, de ajudar, pois como diz o poema
Mesmo na noite mais triste
Em tempos de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz NÃO!
Manuel Alegre
Todos temos de dizer NÃO a esta forma de violência!