Opinião – “Repensar o Turismo”

27 Setembro 2022, 15:00 Não Por Redacção

O Dia Mundial do Turismo é uma iniciativa da Organização Mundial do Turismo (OMT) que se celebra anualmente a 27 de setembro com iniciativas em todo o mundo. Este ano, a temática lança o desafio de “Repensar o Turismo”, o que significa oportunidade para refletirmos sobre o que queremos que seja o futuro, no mundo, no país e na dimensão regional e local.

Na última década, o setor foi decisivo na afirmação de Portugal e na promoção da economia, mas foi um dos mais afetados nos últimos três anos, em resultado da pandemia. Já este ano apresenta uma dinâmica e uma recuperação evidentes. Mas acontece que o mundo mudou, há agora a incerteza causada pela guerra na Ucrânia, a fuga de profissionais para outros sectores de atividade mais estáveis e o perfil do turista mudou. A procura parece ser por locais mais seguros e hábitos saudáveis. As motivações são eventos de larga escala ou grupos restritos, produtos de saúde, família e bem-estar. Por tudo isto, é necessário refletir, estruturar e proteger.  

É evidente a pertinência do desafio da OMT “Colocar as pessoas e o planeta em primeiro lugar e reunir todos, desde governos e empresas até comunidades locais, em torno de uma visão partilhada para um setor mais sustentável, inclusivo e resiliente”

Este é o tema da mudança que urge. O modelo de desenvolvimento tem estado orientado para a satisfação dos turistas. Mas o turismo precisa comunicar melhor com os residentes. E os residentes precisam, mais do que nunca, de sentir identidade e satisfação coletiva. Esta é uma atividade, de pessoas e para pessoas; a que acrescenta valor cultural, político e social; a que contribui com inovação e regeneração dos territórios marcados por assimetrias demográficas.

Se até aqui, os fluxos do turismo se desenvolveram nos territórios com produto turístico estruturado e destinos conhecidos, como é o caso, em Portugal, de Lisboa e o Porto e que originou sobrecarga e pressão, (com impacto de natureza ambiental e fricção com residentes) é chegada a oportunidade para os territórios que potenciam novas dinâmicas, autenticidade, tradição, natureza e a simpatia da população, como é o caso dos territórios do Vale do Tejo.  

A nossa região tem os fatores determinantes para a eleição do destino e o crescimento sustentável: proximidade à capital, expectável crescimento da área metropolitana de Lisboa, acessibilidades, atratividade (identidade), património histórico e natural, estruturas públicas e privadas de acolhimento e animação turística. A região dispõe de valências de formação profissional, de quadros técnicos e académicos nas áreas de hotelaria e turismo que conhecem e servem a região. E é provável que, num cenário de longo prazo, seja este o território de proximidade para o planeamento e construção da nova solução aeroportuária, seja o local escolhido, o campo de tiro de Alcochete, Montijo ou Santarém.

Por agora, precisamos trabalhar a mudança baseada na comunicação e numa lógica de tempo, que desejavelmente deve ser curto, ao nível da decisão estratégica e da execução técnica.  Para novas soluções, necessitamos de novas abordagens, mais colaboração em rede, melhor articulação institucional e sobretudo que o território seja promovido, conhecido e “vendido” como um todo nos mercados emissores do turismo, com a desejada participação ativa e motivada de todos os agentes do território, e entre estes, os melhores embaixadores, as associações, os empresários e os residentes.

O turismo é a indústria que provoca felicidade. É preciso acreditar!

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