OficINa do Hospital de Santarém lança oficinas artísticas para combater o estigma da doença mental

15 Setembro 2024, 17:41 Não Por André Azevedo

A OficINa – Arte Bruta Inclusiva do Hospital Distrital de Santarém vai promover uma série de cinco oficinas artísticas em parceria com o Núcleo Rasgo. A iniciativa decorre uma vez por mês até dezembro e vão se abordar disciplinas como vídeo, música, ilustração, desenho e fotografia.

O NS foi conhecer o trabalho desenvolvido nestas oficinas que têm como objetivo juntar utentes da unidade de psiquiatria do HDS com a comunidade de forma a combater o estigma para com a doença mental.

A OficINa é um projeto da associação Reinserir, criada pelo departamento de psiquiatria do HDS para facilitar a capacitação de fundos que financiem projetos como as oficinas artísticas, uma vez que é preciso adquirir materiais didáticos que de outra forma dificilmente seria possível, explicou ao NS a diretora do departamento de psicologia, Paula Pinheiro.

A psiquiatra explicou que o combate ao estigma tem de ser uma das primeiras ferramentas, já que é ele que muitas vezes afasta os doentes de pedir ajuda numa fase precoce da doença. É nessa fase inicial que é de máxima importância a intervenção médica para evitar um avançar da patologia, segundo Paula Pinheiro.

“O objetivo é ajudar os utentes, capacitando-os que podem fazer coisas e estimular a criatividade”, afirma Márcia Almendra, acrescentando que acaba também por ser um apoio às famílias, já que permite que saiam de casa, aliviando o “fardo” que é apoiar uma pessoa que sofre de uma patologia mental.

Teresa Massano, enfermeira chefe do departamento de psiquiatria do HDS, explicou ao NS que neste projeto lida-se substancialmente com pessoas com “perturbação mental grave que tenham dificuldade em sociabilizar”.

A enfermeira fala ainda no estigma causado pelo medo das doenças mentais, seja ele pelo “descontrolo” que causa nos doentes e que se associa muitas vezes de forma errada à agressividade, seja pelo medo de ficar doente.

“A maioria das pessoa que esteja com uma doença do foro psíquico desde que medicada e acompanhada, é funcional como uma pessoa saudável, embora em ambiente de trabalho tenha que haver, em determinados casos, algumas adaptações e flexibilidades por parte da entidade patronal”, garante Teresa Massano.

Ivo Santos, do Núcleo Rasgo, garante que é preciso também desmistificar que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza.

“Quem pede ajuda não é mais fraco ou frágil por fazê-lo. Antes pelo contrário” afirma o jovem, que pede também que sejam disponibilizados mais apoios para este tipo de iniciativas que garante serem de máxima importância e que não são feitas diretamente pelo Serviço Nacional de Saúde.

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