Nem o frio impediu população de Mora de sair à rua para exigir mais médicos (com Fotos)

27 Janeiro 2023, 9:00 Não Por João Dinis

Nem as baixas temperaturas que se faziam sentir foram impeditivas para a população de Mora levar por diante a vigília marcada para esta quinta-feira, 26 de Janeiro à porta do Centro de Saúde de Mora, apelando aos governantes um reforço dos médicos na unidade, sobretudo para garantirem o normal e regular funcionamento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP), que nos últimos dois meses tem estado mais vezes encerrado que aberto, sobretudo no período nocturno.

Agendado pelo Movimento de Utentes do Concelho de Mora (MUCM), foram mais de duas centenas os morenses que se reuniram e a uma só voz apelaram ao Ministério da Saúde que reforce as condições do Centro de Saúde de Mora, que quando encerrado obriga dos utentes a percorrem 60 quilómetros até ao Hospital do Espírito Santo, em Évora, onde também as urgências estão muitas vezes congestionadas.

Com uma população de idade bastante avançada, muitos eram aqueles que recordavam outros tempos, em que o Centro de Saúde funcionava em pleno e não faltavam os cuidados de saúde. Hoje, apesar de os dados indicarem que todos os utentes do concelho de Mora inscritos no Centro de Saúde têm médico de família atribuído, a realidade é bastante diferente, dizem-nos os populares.

Segundo Paula Chuço, Presidente da Câmara Municipal de Mora, além dos médicos no SAP, faltam também médicos que possam prestar apoio nas freguesias, “neste momento temos dois médicos e temos uma médica que está a assegurar a freguesia de Brotas”, começa por nos explicar, acrescentando que o que falta é “um médico também que possa ir às freguesias para satisfazer as necessidades dos nossos utentes”, uma vez que a maioria da população é idosa e tem bastantes dificuldades em se deslocar para a sede de concelho, ou mesmo para Évora.

A autarca refere que “nós disponibilizamos casa ou aquilo que for necessário para atrair os médicos para o nosso concelho”, sobretudo para os clínicos que possam colmatar a maior necessidade, que é a garantia da abertura do serviço de urgências no período nocturno.

A reactivação de um contrato com um médico que ali havia prestado serviço é já uma pequena ajuda, mas o que a população pretende é que este tipo de “exceções” acabe e a abertura do SAP seja permanente.  

O Município de Mora tem mantido um diálogo constante com as entidades da saúde regionais, nomeadamente a ARS do Alentejo e o ACES do Alentejo Central, onde tem apresentado também algumas ideias, com o objectivo de também ser um “auxiliador” das entidades. Paula Chuço referiu, que uma das soluções que saiu de um destes encontros foi a contratação de uma médica que irá realizar algumas horas nas freguesias, que apesar de não ser “o ideal, já é melhor e já ia satisfazer os nossos utentes.

Para a autarca a solução para este tipo de problemas pode passar por uma alteração à Lei, que obrigue os médicos formados a manterem-se no Serviço Nacional de Saúde durante um período, como “pagamento” ao estado pela sua formação, sobretudo algo que os fixasse em territórios do interior.

Não podemos ter um idoso que esteja com uma constipação ou uma gripe e que tenha que se deslocar a Évora, tendo aqui cuidados que possam dar resposta a esse problema”, lamentou a autarca, concluindo que a situação actual é “uma preocupação acrescida” até pela faixa etária da população do concelho de Mora.

Presentes nesta vigília estavam também todos os Presidentes das Juntas de Freguesia do concelho, sendo Nélia Santos, Presidente da Junta de Freguesia de Mora, uma das mais interventivas, e quem leu mesmo um documento que será agora enviado às entidades competentes, de modo a lhes dar a conhecer as necessidades do concelho.

A autarca frisa que a sua presença na vigília é “em defesa da população, não só da freguesia de Mora, mas de todo o concelho”, que cada vez mais tem mais dificuldades em aceder a tudo e mais alguma coisa.

Para Nélia Santos, num concelho muito envelhecido, com uma população com fracos recursos, faltarem também as condições de saúde, torna tudo mais complicado, mas ainda assim, “ temos a agradecer os poucos (médicos) que ainda aqui vêm, que ainda aqui permanecem durante a noite e durante o dia.”

Com cerca de cinco mil pessoas directamente afectadas com as intermitências do SAP a população deu “uma resposta importante e penso que é uma forma de darmos força também a todas as entidades”, ao marcar presença em grande número.

“Achamos que era importante realmente unirmo-nos ao movimento e desta forma tentarmos levar aos nossos governantes a nossa indignação, a nossa falta de médicos que tanto precisamos aqui no concelho de Mora”, concluiu a autarca.

Presente na vigília esteve também o Presidente da Assembleia Municipal de Mora, que lastimou que “tenhamos perdido um bom médico e tenhamos agora um mau Ministro”, lamentando ver a situação actual do concelho no que diz respeito à saúde.

________________

_____________________

_____________________