Num ato recheado de simbolismo, foi inaugurado na tarde deste sábado o mural pintado por Mariana Duarte Santos, inspirado em imagens de Fausto Giaccone, que em 1975 andou pelo Couço a retratar os tempos da reforma agrária.
O mural está junto ao Bairro 23 de junho, e nele estão retratados diversos momentos da luta quente das populações por melhores condições de trabalho, e sobretudo, melhores condições de vida.
Algumas das obras retratadas e pintadas, estão igualmente expostas no Museu Municipal de Coruche, na exposição “O Povo em 1975”, que contempla uma seleção de 41 fotografias captadas num único dia de ocupações no Couço, quando a Revolução dos Cravos saía dos quartéis para entrar nos campos.
“O Povo em 1975” pretende ser mais do que uma exposição fotográfica, mas sim uma devolução de memórias ao lugar onde aconteceram.
No auge do processo revolucionário português, o fotógrafo italiano afastou-se das rotas mediáticas e rumou ao Couço, onde documentou o pulsar da Reforma Agrária e da ação coletiva. Numa única jornada, registou momentos de profunda humanidade, captando tanto a força dos grupos como a intensidade dos olhares. As imagens, a preto e branco e a cores, retratam tratores engalanados, assembleias populares e rostos marcados pela dignidade de quem fazia da utopia projeto de vida.
As fotografias ficaram guardadas durante cerca de uma década, até que Giaccone regressou a Portugal e procurou reencontrar os protagonistas das imagens. “As pessoas encontraram-se a si mesmas”, revelou, descrevendo o reencontro como o início de “uma nova história”. Entre os retratados, destacou-se Joaquim Canejo, figura central do movimento de ocupações com quem o fotógrafo estabeleceu uma profunda amizade.




















