Mês de Setembro quente e chuvoso

7 Outubro 2022, 20:02 Não Por Redacção

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), apresentou esta sexta-feira, os dados relativamente ao mês de Setembro de 2022, considerando que em Portugal continental este foi quente em relação à temperatura do ar e chuvoso em relação à precipitação.

O valor médio da temperatura média do ar, 20.64 °C, foi 0.42 °C superior ao valor normal, o  valor médio da temperatura mínima do ar, 14.94 °C, foi superior ao valor normal com uma anomalia de +0.78 °C, sendo o 5º valor mais alto desde 2000.

Valores de temperatura mínima do ar superiores aos deste mês ocorreram em 20 % dos anos, desde 1931. O valor médio da temperatura máxima do ar, 26.35 °C, foi muito próximo do valor médio (anomalia de +0.05 °C).

De acordo com o IPMA durante o mês de Setembro verificou-se alguma variabilidade dos valores de temperatura do ar. De salientar na temperatura máxima os períodos mais quentes de 9 a 11 e 16 a 22 e na temperatura mínima o período consecutivo de 15 dias (8 a 22) com valores acima da média mensal. A partir de 24 verificou-se uma descida da temperatura (máxima e mínima) que se manteve até ao fim do mês.

Em relação à precipitação, o mês de Setembro foi o 4º mais chuvoso desde 2000. O total de precipitação neste mês, 66.5 mm, corresponde a cerca de 158 % do valor normal, refere o relatório do IPMA.

Durante o mês de destacar a precipitação ocorrida nos dias 12 a 15, associada ao ciclone extra-tropical. O valor médio de precipitação ocorrido apenas nestes 4 dias (55.2 mm) corresponde 77 % do valor total do mês. Os valores de precipitação mais significativos ocorreram no interior Centro, em particular no distrito da Guarda. Em alguns locais os valores totais de precipitação acumulados ultrapassaram em 2 a 3 vezes o valor médio do mês.

Como consequência dos valores de precipitação ocorridos neste mês, verificou-se um aumento dos valores de percentagem de água no solo mais significativos no litoral Norte e em muitos locais da região Centro.

De acordo com o índice PDSI, a 30 de Setembro verificou-se uma diminuição da situação de seca meteorológica em todo o território, com as classes de seca moderada e severa a predominarem em todo território. Alguns locais do distrito da Guarda, Viseu e Castelo Branco passaram da classe de seca severa (a 31 de Agosto) para a classe de seca fraca. A distribuição percentual no fim de Setembro é a seguinte: 3.3 % em seca fraca, 64.3 % em seca moderada, 32.2 % em seca severa e 0.2 % em seca extrema.

Neste mês o território do continente foi afectado principalmente por situações depressionárias: ciclone extra-tropical (que evoluiu do furacão Danielle); depressão ou vale depressionário em altitude; passagem de ondulações frontais. Um anticiclone localizado, em geral, a norte dos Açores estendeu-se, temporariamente, em crista na direcção da Península Ibérica.

Até ao dia 3 e nos dias 22, 24 e 30, sob a acção da crista anticiclónica, não ocorreu precipitação. O céu esteve pouco nublado ou limpo, por vezes muito nublado, com a formação de neblina ou nevoeiro, até ao final da manhã e para o final do dia em especial no litoral oeste. O vento soprou fraco a moderado, sendo do quadrante oeste nos dias 3 e 22 e do quadrante norte nos restantes dias, por vezes forte no litoral oeste e nas terras altas

Devido à passagem de ondulações frontais, no período 4-7 e nos dias 23 e 28 houve muita nebulosidade nas regiões Norte e Centro, onde ocorreram períodos de chuva ou aguaceiros. A precipitação foi fraca a moderada, sendo, no entanto, localmente forte no dia 5 no Minho e no interior da região Centro e, persistente, no dia 7 no Minho. Na região Sul, sob a acção conjunta da crista anticiclónica, houve alguns períodos de muita nebulosidade e chuva fraca no litoral oeste nos dias 5, 6 e 23. O vento foi fraco a moderado do quadrante oeste, temporariamente forte no litoral oeste e nas terras altas nos dias 4, 7, 23 e 28. As rajadas máximas foram registadas neste último dia, sendo da ordem de 65-85 km/h.

Entre os dias 8 e 17, o território ficou sob a influência de uma massa de ar quente, muito húmido e instável transportada na circulação do ciclone extra-tropical. Ocorreu precipitação que no dia 8 foi persistente a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e, no período 12-15, se estendeu a todo o território do continente, sendo por vezes forte e acompanhada de trovoada. De realçar que nos dias 13 e 14 a precipitação foi particularmente significativa no Minho, no Douro Litoral e no interior da região Centro, não apenas devido à sua maior intensidade mas também persistência. O vento soprou fraco a moderado, sendo do quadrante sul no período 11-14 e do quadrante oeste nos restantes dias. Nos dias 12 e 13 foi, temporariamente, forte na faixa costeira ocidental e nas terras altas, sendo as rajadas máximas observadas no dia 12, da ordem de 80-100 km/h.

Nos períodos 18-21, 25-27 e no dia 29, sob a acção de uma depressão/vale depressionário em atitude, geraram-se condições de forte instabilidade atmosférica. Houve aguaceiros, por vezes, fortes e acompanhados de trovoada no período 18-21, sendo restritos a alguns locais do interior da região Sul no dia 18 e à zona do Gerês no dia 27. O vento foi fraco a moderado, sendo do quadrante leste no período 18-21 e predominante do quadrante norte nos outros dias, por vezes moderado a forte no litoral oeste e nas terras altas. As rajadas máximas registaram-se nos dias 18, 19 e 29 na zona da serra algarvia, sendo da ordem de 90 km/h.

No mês de Setembro, em Portugal continental, o valor médio da temperatura média do ar foi de 20.64 °C, 0.42 °C acima do valor normal (Figura 2). De referir que nos últimos 25 anos os valores de temperatura média têm sido quase sempre superiores ao valor médio, apenas em 5 anos foram inferiores.

O valor médio da temperatura mínima do ar, 14.94 °C, foi +0.78 °C superior à normal, sendo o 5º mais alto desde 2000. Valores de temperatura mínima do ar superiores aos deste mês ocorreram em 20 % dos anos, desde 1931 (Figura 3). O valor da temperatura máxima do ar, 26.35 °C foi muito próximo do valor normal (+0.05 °C).

O mês de Setembro 2022 foi classificado como um mês chuvoso, tendo sido registado o valor médio da quantidade de precipitação de 66.5 mm (Figura 7), correspondendo a 158 % do valor da normal climatológica 1971-2000. Foi o 4º Setembro mais chuvoso desde 2000 (mais chuvosos: 2014, 2002, 2006).

Durante o mês de destacar a precipitação ocorrida nos dias 12 a 15; nestes dias o território ficou sob a influência de uma massa de ar quente, muito húmido e instável transportada na circulação do ciclone extra-tropical.

O valor médio de precipitação no continente ocorrido apenas nestes 4 dias (55.2 mm) corresponde 77 % do valor total do mês

Os valores de precipitação mais significativos ocorreram no interior Centro, em particular no distrito da Guarda. Em alguns locais os valores totais de precipitação acumulados nestes 4 dias ultrapassaram em 2 a 3 vezes o valor médio do mês.

O ano hidrológico 2021/2022 (1 de Outubro 2021 a 30 de Setembro de 2022) termina com um défice de precipitação de -393.8 mm e é o 3º mais seco desde 1931, depois de 2004/05 e 1944/45.

O valor médio da quantidade de precipitação no ano hidrológico 2021/2022, 488.3 mm, corresponde a 55 % do valor normal.

Em termos espaciais, os valores da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico 2021/2022 são inferiores ao normal em todo o território. Verificam-se valores inferiores a 75% em relação ao valor médio, sendo mesmo inferiores a 50% em alguns locais da região do Nordeste Transmontano e do litoral Sul (Figura 9).

Os valores da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico, à data, variam entre 231 mm na Zambujeira e 1202 mm em Lamas de Mouro e os valores da percentagem de precipitação entre 39 % na Zambujeira e 77 % no Fundão.

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