Mata do Escaroupim reafirma importância como pulmão da Lezíria do Tejo

1 Janeiro 2025, 16:30 Não Por João Dinis

A Mata Nacional do Escaroupim, com 438 hectares em pleno coração do concelho de Salvaterra de Magos, tem nos últimos anos ganho uma enorme importância, não só no que diz respeito à investigação e demonstração, mas também no facto de se revelar como o “pulmão” da Lezíria do Tejo.

Quem o afirma é Rui Pombo, Diretor Regional de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que gere a Mata do Escaroupim. “A Lezíria tem uma aptidão agrícola por excelência, portanto, não há muitas áreas florestais, principalmente com mais de 400 hectares, que é o que é o caso aqui de Mata Nacional e portanto, é de facto um pulmão verde, um pulmão de energia.”
“Esta é uma área verde muito importante”, salienta o responsável, que considera que a Mata do Escaroupim “tem um impacto muito grande no concelho de Salvaterra de Magos”, mas também para a Lezíria do Tejo “no ponto de vista da biodiversidade.”

A Mata do Escaroupim tem uma importância vital no setor agro-florestal, pois ali são realizadas muitas experiências e investigações, que permitem depois que se realizem investimentos na área. “A Mata Nacional do Escaroupim é uma mata experimental, faz parte da rede florestal do Estado que o ICNF tem em conjunto com o CENASEF, que é o Centro de Sementes Nacionais em Amarante, com o COTF, que é o centro de formação do que o ICNF tem, que funciona na Lousã”, explica-nos Rui Pombo.
“A Mata Experimental do Escaroupim é onde estão replicados a maioria das parcelas de investigação e de demonstração que existem no país”, salienta, acrescentando que “muitas delas agora são o repositório único, porque se foram perdendo noutras localizações”, pelo que “é uma importância muito grande que tem esta mata, enquanto uma mata de investigação, de demonstração e de salvaguarda do património genético florestal.”

O espaço está aberto a visitas ou atividades, conforme nos explica Rui Pombo. “A Mata Nacional do Escaroupim está aberta a toda a gente e pode ser visitada, existe até um percurso que foi instalado em articulação com a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, que se inicia na aldeia do Escaroupim e que passa pela Mata e que é muito utilizado”

“Nós próprios estamos também a concluir a instalação de um percurso complementar, digamos assim, só interno à Mata Nacional, onde vai ter várias mesas de interpretação das várias espécies e dos vários projetos em curso e que vão permitir também diversificar aquilo que é a oferta que a mata tem”, revela-nos o responsável, que salienta que a Mata do Escaroupim “é muito usada, muito fluída e traz muita gente, mais que não seja pela curiosidade que tem por exemplo, no arvoredo de eucaliptos que tem 126 espécies, é um exemplar único no país e na Europa.”

Atualmente “temos vários projetos em curso”, “desde logo a salvaguarda de todos aqueles projetos que temos instalados desde o início do século passado, muitos deles que vêm da década de 30, da década de 50”, pelo que “a salvaguarda e a manutenção destes projetos é um objetivo, obviamente, para não perder as séries, digamos, de demonstração que temos que temos aqui na Mata Nacional e que têm que ser salvaguardado”, refere o Diretor do ICNF.

Rui Pombo revela que o ICNF tem alguns projetos que pretende iniciar este ano na Mata Nacional do Escaroupim, “designadamente com técnicas de aplicação de fogo controlado em áreas de pinhal em areias com características diferentes daquilo que é a área de pinhal tradicional, com um método de prescrição diferenciado e portanto, estamos a começar a instalar algumas parcelas de investigação e demonstração para esse efeito”, “também no caso da questão da resinagem, a instalação de algumas parcelas de resinagem em áreas de pinheiro manso para tentar perceber o interesse dessa prática complementar e de valorização complementar à atividade florestal e, portanto, a resina, como sabemos, é um bem muito interessante e com valorização cada vez mais no mercado e portanto há que olhar para as outras espécies.” “No caso aqui do pinheiro manso vamos também instalar algumas parcelas de demonstração e investigação da aptidão do pinheiro manso para esse efeito e depois também naquilo que é o pinheiro bravo, continuar os trabalhos de investigação de melhoramento genético do Pinheiro Bravo e testar algumas metodologias de novos métodos de silvicultura, também para o pinheiro bravo em algumas parcelas que agora, na visita à Mata Nacional, também teremos oportunidade de observar”, conclui Rui Pombo.

A Mata Nacional do Escaroupim é propriedade do Estado, sendo inicialmente designada por Pinhal de Escarópim. Até 7 de abril de 1836 foi administrada pela Montaria-Mor do Reino, data em que foi incorporada na Administração Geral das Matas do Reino. Desde então e até à data fica sob administração/gestão direta dos Serviços Florestais, hoje representados pelo ICNF.

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