Fixar população, melhorar as acessibilidades, fomentar a criação de emprego e mitigar a crise habitacional são as principais prioridades apresentadas por Mariana Mortágua, cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições legislativas, para a região de Santarém.
A líder do BE esteve em Almeirim, na quarta-feira 7 de maio, para apoiar o protesto dos trabalhadores da SUMOL+COMPAL e à margem da iniciativa o NS deixou algumas questões à candidata relativas à região, à semelhança do que fez com os líderes dos partidos cujas ações de campanha passaram pela região da Lezíria do Tejo.
“Este é um distrito que perdeu muita população e está muito envelhecido”, começa por referir a candidata a Primeiro-Ministro, referindo que há dois pilares fundamentais para que os jovens se fixem na região: “casa e trabalho”. O Bloco quer priorizar o investimento na criação de emprego no distrito e vê nas antigas oficinas ferroviárias do Entroncamento, já na zona do Médio Tejo, o potencial para criar um “centro de desenvolvimento tecnológico ao nível ferroviário. Também a conclusão do IC3 e a construção de uma nova ponte na Chamusca são de importância vital para a líder do partido mais à esquerda do hemiciclo, já que irão permitir resolver um problema grave nas acessibilidades naquela zona do distrito e criará condições para a instalação de novas empresas indústria e logística, assegurou Mortágua.
“Queremos emprego de qualidade, com direitos, e desenvolvimento económico sustentável”, vincou, relembrando a necessidade de haver melhorias dos direitos dos trabalhadores por turnos, como os da SUMOL+COMPAL, de forma a “garantir que estes postos de trabalho são atrativos como já foram no passado”.
Na temática da habitação, Mariana Mortágua refere que também em Santarém as rendas têm disparado, com habitações T1 a custarem quase um ordenado mínimo de renda mensal e T2 a superar os mil euros de renda e que estes preços são incomportáveis para a maioria das famílias, destacando a importância da proposta bloquista para os tetos no arrendamento. Como forma de mitigar o problema da habitação, Mariana Mortágua aponta ao investimento público na requalificação dos milhares de casas devolutas existentes nas localidades para que sejam disponibilizadas com rendas acessíveis.
Para resolver alguns dos problemas de acessibilidades, Mariana Mortágua relembra a proposta da reativação da linha ferroviária entre Setil e Vendas Novas, para além da ponte da Chamusca e do IC3 como referido mais acima neste texto.
“É uma proposta do Bloco que servirá as populações do Cartaxo, de Salvaterra de Magos e de Coruche”, garante.
As propostas da candidata não descartam a área da saúde e aponta como exemplo a ULS do Médio Tejo que segundo a deputada “internalizou grande parte dos serviços de análises clínicas que estavam a ser prestados por privados”, acrescentando que é um exemplo de como o Serviço Nacional de Saúde pode voltar a investir na sua capacidade própria para deixar de financiar direta ou indiretamente a saúde privada.
A deputada Mariana Mortágua destacou a importância da defesa do rio Tejo, sublinhando que a escassez de água, que já afeta este curso fluvial, é uma consequência direta da emergência climática e constitui uma preocupação central para o Bloco de Esquerda. Criticou propostas que considera megalómanas, como a construção de açudes e transvases, alertando que estas soluções acabam por prejudicar o ambiente e revelar-se ineficazes a longo prazo. Em alternativa, defendeu uma gestão mais eficiente da água, sobretudo nos sistemas de rega agrícola, setor que consome a maior parte dos recursos hídricos. Nesse sentido, o Bloco propõe a criação de um centro para a gestão económica e ambiental da Bacia Hidrográfica do Tejo, com o objetivo de adaptar a agricultura às alterações climáticas.
Na conversa com o NS não faltou um dos grandes temas do último ano – o novo aeroporto, que será construído em território ribatejano, no concelho de Benavente. Mariana Mortágua relembra a necessidade de haver um planeamento rigoroso dos acessos rodoviários e do parque habitacional público que “comportem a pressão humana que será exercida no sul do distrito de Santarém”. A deputada afirma que haverá certamente um impacto positivo para a criação de postos de trabalho mas alerta para a necessidade de “assegurar que o preço da habitação não se torna impossível e que as estradas atualmente saturadas não se tornam caóticas”.




