Marchadora Inês Henriques procura felicidade pós-atletismo

12 Outubro 2023, 14:18 Não Por Lusa

Inês Henriques vai celebrar a sua carreira, pondo-lhe termo na corrida popular em que começou, há 31 anos, juntando os seus, enquanto procura a felicidade no fim da marcha.

“E acho que valeu tudo a pena. Iria voltar a ser a miúda de 12 anos a ir ao torneio das freguesias e voltaria a carreira de atleta. Porque estive sempre num clube pequeno, o Clube de Natação de Rio Maior, a representar a minha cidade e consegui algo tão grandioso como um recorde do mundo e ser campeã do mundo”, salientou a atleta, natural de Rio Maior.

Em entrevista à agência Lusa, Inês Henriques reconheceu o “percurso longo, bonito, com altos e baixos”, como a vida.

A conterrânea Susana Feitor, com quem partilha o recorde absoluto de 11 presenças em Mundiais, foi a inspiração e a culpada pela dedicação à marcha, depois de se ter sagrado campeã do mundo de juniores, em Plovdiv1990.

Ambas fizeram parte do grupo da marcha de Rio Maior, juntamente com o consagrado João Vieira, mas também com o seu irmão gémeo Sérgio Vieira, Vera Santos e, mais recentemente, Mara Ribeiro, Miguel Carvalho e Miguel Rodrigues.

Inês Henriques consolidou a sua carreira nos 20 quilómetros, mas a ‘segunda vida’ começou a desenhar-se depois dos Mundiais Pequim2015.

“Já não estava a ser feliz e não queria continuar algo que já não me deixasse feliz”, reconheceu, recordando os incentivos do treinador e a sua estratégia motivacional: “Eu estive mais de um mês de férias, sem treinar, foi o mês que eu tirei para pintar a minha casa, e pintei-a toda por dentro sozinha, foi a minha terapia”.

Ao pôr fim à carreira, no domingo, Inês Henriques vê com preocupação o futuro da disciplina, por falta de renovação.

“A melhor atleta é a Ana [Cabecinha], que já não vai para a nova. Agora, apareceu a Vitória [Oliveira] a fazer umas coisas engraçadas, a evoluir muito bem, mas também já tem quase 30 anos. Nos homens temos o João Vieira, que é mais velho que eu, por isso está difícil”, lamentou.

O abandono vai também “custar” ao seu treinador de sempre Jorge Miguel, reconhece a própria, e “também é o fim de um ciclo da sua vida”.

“Ele formou muitos seres humanos, que, em vez de estarem a fazer outras coisas que não deviam, estavam na pista. Acho que também para ele vai ser um pouco difícil, porque já não vai estar no treino, já não estamos todos os dias. Mas ele aceitou bem a minha decisão, porque já estava também à espera. É assim, ele só me quer ver feliz e eu quero continuar a ir correr e a sentir-me feliz”, concluiu.

Ainda sem um futuro definido, Inês Henriques rejeita tomar decisões precipitadas, confiando que “outras portas” se irão abrir, sem que o atletismo, e as corridas populares, desapareçam do seu futuro pós-carreira.

No domingo, para a Volta à freguesia de São Sebastião, onde deu os primeiros passos de corrida em 1992, Inês Henriques vai juntar a família, os amigos e todos os que sentiu importantes no seu percurso, tendo, entre os vários convidados, o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, a antiga campeã olímpica da maratona Rosa Mota e todos os presidentes do Município riomaiorense.

________________

_____________________

_____________________