Há 44 anos que Santarém se transforma, durante alguns dias de outubro, no centro nevrálgico da gastronomia portuguesa. É um evento que nasceu com alma ribatejana, mas que hoje se afirma como uma celebração de todo o país. À conversa com o NS, José Manuel Santos, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR), fala com entusiasmo sobre o papel ímpar do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém, a importância do evento para o turismo e os caminhos que se abrem para o futuro.
“Num ano em que o festival celebra 44 edições, Santarém consegue reunir aqui todo o país. É um evento que, para quem gosta de provar Portugal, é de visita obrigatória”, começou por dizer José Manuel Santos, visivelmente orgulhoso do impacto que a iniciativa continua a ter. “É o pai dos festivais gastronómicos em Portugal, um verdadeiro farol da gastronomia ribatejana, e um símbolo de identidade e de continuidade”, acrescentou.
O dirigente sublinha que o festival “não é apenas uma feira de sabores”, mas sim “um espaço de partilha cultural, de descoberta e de encontro entre regiões, produtores, cozinheiros e visitantes que se unem à volta da mesa portuguesa”. Na sua perspectiva, “a gastronomia é um dos elementos mais fortes da nossa identidade coletiva e, neste festival, ela é celebrada em toda a sua autenticidade e diversidade”.
Ao longo dos anos, o evento tem sabido adaptar-se às novas tendências sem perder a sua essência. “O festival ajudou a criar novos projetos empresariais e tem alimentado novas iniciativas gastronómicas. Muitas ideias nasceram aqui. É um palco que inspira e que motiva os profissionais do setor”, frisou José Manuel Santos, lembrando que o crescimento do festival acompanha também a evolução do turismo gastronómico em Portugal.
“O visitante de hoje procura experiências, quer sentir os territórios, ouvir as suas histórias e provar os seus produtos. A gastronomia é uma porta de entrada para o turismo, e o Festival de Santarém tem sido um instrumento essencial nesse processo”, afirmou.
Um festival com vocação internacional
José Manuel Santos defende que o futuro do festival passa pela sua internacionalização, um desafio que a Entidade Regional de Turismo pretende abraçar. “O Festival de Santarém está totalmente consolidado no mercado nacional. O próximo passo é projetá-lo para fora de fronteiras. Queremos que o mercado ibérico, sobretudo o espanhol, conheça e venha descobrir esta riqueza gastronómica. A seguir, ambicionamos chegar a outros públicos internacionais.”
Para o presidente, esta expansão não deve ser feita de forma apressada, mas com planeamento e coerência. “A internacionalização faz-se com tempo e com lógica. Estamos a iniciar esse caminho agora, através de ações de promoção transfronteiriça, em especial com a Estremadura espanhola. É uma região vizinha, com afinidades culturais e gastronómicas muito próximas das nossas. Promover o Ribatejo e Santarém nesse contexto é um passo natural.”
O dirigente acredita que a gastronomia pode ser o elemento mais poderoso para afirmar o Ribatejo no exterior. “Se há produto que vende o Ribatejo e Santarém é, sem dúvida, a enogastronomia. Temos tradição, autenticidade e qualidade. É preciso transformar tudo isso em narrativa turística e comunicá-la de forma eficaz.”
Impacto económico e social
O Festival Nacional de Gastronomia é, também, um motor de dinamização económica para a cidade e para a região. “Gera movimento, atrai milhares de visitantes, fortalece o comércio local e estimula o setor da restauração. Mas, mais do que isso, reforça o orgulho ribatejano. É um evento que dá visibilidade ao território e à sua gente”, salientou José Manuel Santos.
O presidente destacou ainda a forma como o festival serve de ponto de encontro entre tradição e modernidade. “É um espaço onde se respeita o receituário tradicional, mas também se experimenta, se inova e se cria. O equilíbrio entre o legado e a criatividade é o que o torna tão interessante e tão vivo.”
Segundo o responsável, este evento tem também um valor simbólico. “Quando o visitante entra no recinto e sente os aromas, ouve as vozes, observa os produtos e prova os pratos, percebe que está perante algo autêntico. O festival tem alma. E é essa alma que o distingue e o torna inesquecível.”
Uma aposta contínua no território
José Manuel Santos aproveitou ainda para destacar o trabalho conjunto entre instituições, autarquias e agentes locais. “O sucesso do festival é o reflexo de um esforço coletivo. O turismo faz-se com pessoas, com escuta e com visão. Cabe-nos liderar quando é necessário liderar e apoiar quando é tempo de apoiar. Estamos sempre no terreno, a trabalhar com os municípios e com os empresários.”
O presidente da Entidade Regional de Turismo garante que este apoio vai manter-se firme. “Este é um evento que valorizamos muito e que queremos continuar a fazer crescer. Temos de o levar a um patamar de maior internacionalização, mas sem perder o que o define: a alma ribatejana e o sabor genuíno de Portugal.”
Com convicção e entusiasmo, José Manuel Santos resume o espírito do festival numa frase que parece sintetizar o seu legado e a sua promessa: “O Festival Nacional de Gastronomia de Santarém é mais do que uma festa de sabores, é uma celebração da nossa identidade e da capacidade que temos de, à mesa, unir um país inteiro.”






