Igreja da Misericórdia de Salvaterra de Magos devolvida pela terceira vez à população (com Fotos)

18 Setembro 2022, 13:17 Não Por João Dinis

A Igreja da Misericórdia de Salvaterra de Magos, cuja história está marcada pelos tristes acontecimentos que a têm destruído, mas que pela força e devoção dos homens a têm reconstruído, foi este Sábado, 17 de Setembro, devolvida à população, depois da impressionante obra de restauro das 37 pinturas, que em Fevereiro de 1979 ficaram praticamente destruídas pela apelidada “cheia do século”, que lhe destruiu grande parte da fachada norte, valendo na altura o altruísmo da população que conseguiu salvar as magníficas obras de arte que esta continha no seu interior.

A cerimónia de inauguração das obras de manutenção, conservação e restauro da Igreja da Misericórdia de Salvaterra de Magos foi presidida pelo Bispo de Santarém, D. José Augusto Traquina Maria, que em cerimónia eucarística recheada de sentimento, enalteceu a obra desenvolvida pela Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, com o apoio, fundamental, do Fundo Rainha Dona Leonor, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Após a cerimónia religiosa, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, João José Drummond Oliveira e Sousa, traçou um pequeno esboço histórico da Igreja, cuja sua construção data do século XVII.

Depois de em 1755 o terramoto a ter praticamente destruído, foi por determinação do Rei D. José que foi mandada reconstruir, sendo novamente destruída em Fevereiro de 1979 pela cheia do século, que lhe levou grande parte do seu edificado, tendo miraculosamente salvo a Torre Sineira, a Capela Mor e o Altar.

Graças ao Fundo Rainha Dona Leonor, só agora, mais de 40 anos depois, foi possível recuperar as 37 obras de arte que esta possui, e que se encontravam em paupérrimo estado de conservação, o que obrigou a equipa de restauro, liderada por Ana Cunha e Bruno Assis, a um árduo trabalho, onde empenharam milhares de horas.

Das intervenções, destaque para as palavras do Professor Victor Serrão, que realizando uma pequena descrição das obras encontradas, entre outras, os 13 quadros da Bandeira da Senhora da Misericórdia, bem como outros quadros de inestimável valor, que podem agora vir a ser visitados e apreciados.

“Eu estava preocupado porque a maneira como as pinturas estavam guardadas, levava-nos a crer que havia uma intervenção rápida ou perdiam-se”, diz-nos João José Drummond Oliveira e Sousa, que salienta ainda que a Misericórdia “teve sorte com a empresa que acabou por ser seleccionada, que eu não o conhecia, mas que fez um trabalho excepcional com a ajuda do professor Veríssimo Vítor Serrão”, “foi excepcional”, reforça.

No entender do Provedor, essência foi também a participação do Fundo Rainha Dona Leonor “porque senão isto não tinha sido possível”, “estou extremamente satisfeito”, afirma.

A Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos pretende agora abrir a Igreja à comunidade, através da realização de cerimónias religiosas, bem como a visitas, que decorrerão por marcação, que servirá também para recolha de fundos para a Santa Casa da Misericórdia.

João José Drummond Oliveira e Sousa lamenta ainda que as verbas que a Santa Casa de Misericórdia tem não chegam, e só “com um sacrifício de todos os funcionários é que conseguimos fazer alguma coisa”, “não nos podemos esquecer que as receitas da Santa Casa são as receitas que provêem da Segurança Social e dos familiares”, acrescendo ainda o facto de haver utentes que não possuem qualquer familiar ou fonte de rendimento e que “não têm onde viver e que eu não vou abandonar de maneira nenhuma”, pelo que é urgente “encontrar verbas que nos seja capaz de ajudar”.
O Provedor deixa ainda uma palavra a todos os funcionários, que ainda nesta cerimónia estiveram presentes, com alguns utentes do Lar, a que este diz que “tenho que agradecer porque muitas das vezes é com sacrifício pessoal que também trabalham…”

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